Slender Man – Pesadelo Sem Rosto | O maior pesadelo é ver uma história incrível se perder

O cinema de 2018 até agora nos presenteou com grandes obras do terror, como, Um Lugar Silencioso e Hereditário. Infelizmente, Slender Man não se encaixa na mesma categoria. Para aqueles que não estão familiarizados com o monstro, ele foi criado em 10 de junho de 2009 por Victor Surge, pseudônimo de Eric Knudsen, para um concurso de edição de imagens assustadoras. Desde então, a criatura viralizou tornando-se uma lenda urbana da nossa era digital.

Sinopse:

Uma criatura alta, magra, assustadora, com braços incrivelmente longos e sem uma forma definida de rosto. Este é Slender Man, um ser maligno que ficou conhecido por assombrar, perseguir, sequestrar e aniquilar jovens imaturos e crianças indefesas. Ele é implacável e está apenas esperando uma oportunidade para levá-lo ao seu pior pesadelo. Uma lenda que ganha vida e que leva à morte.

A criatura que dá nome ao filme foi disseminada em muitos fóruns e deu origens a várias adaptações, como o game Slender: The Eight Pages e o documentário Beware The Slenderman que foca em contar uma tragédia real envolvendo três meninas e nos faz refletir sobre o impacto da lenda.

A mitologia que engloba tudo o que Slender Man representa é muito bem construída, sua figura é extremamente assustadora, capaz de nos perturbar. No entanto, tais elementos não conseguiram ser sobrepostos na tela, não conseguimos sentir a perturbação que o homem esguio pode causar, em parte, porque todo seu mistério e suspense se perde no ar. Quanto mais vemos o humanoide, menos conseguimos ter medo dele, pois os efeitos não são dos melhores e também porque muito do que constrói a lenda do monstro é sua figura desconhecida, misteriosa, sempre vistas nas sombras. Esse é o problema, todo o terror psicológico deixa de ter seu impacto porque perde espaço para o absurdo. Não há na obra elemento algum que nos conecte à realidade e nos faça questionar se a criatura existe ou não, algo que pode ser proveniente do medo, que ataca nossa racionalidade e nos faz distorcer a realidade. No entanto, em nenhum momento, chegamos ao menos perto disso.

A primeira parte da história, se inicia bem, vamos sendo apresentados aos personagens e a lenda do Slender, quanto mais se fala dele, mais curiosos e tensos ficamos, mas tudo se esvai quando o mesmo aparece. Daí em diante, a cada nova aparição, vamos percebendo, cada vez mais, o quanto o roteiro não faz sentido, não é bem construído e principalmente não faz bom uso do incrível material que tinha disponível. Gerando mais confusões do que esclarecimento, toda vez que a criatura aparece surge mais contradição no seu modus operandi, acaba que a gente não consegue identificar qual é a identidade do vilão – e quando digo isso, não quero dizer a quem ele é, mas as características que o tornam o Slender Man.

O jogo, lembro-me bem do quanto me aterrorizava, os sustos eram dignos de acelerar nosso coração e aumentar nossa adrenalina, entretanto, tal reação não acontece na obra cinematográfica. Os jumpscares são, em sua maioria, previsíveis, pois muito se utiliza de clichês e se baseia em clássicos do gênero. O que não seria um problema, se bem utilizado, mas também era preciso levar em consideração as mudanças que o gênero terror vem sofrendo, pois em comparação com os dois últimos longas citados (Um lugar silencioso e Hereditário), Slender Man é facilmente esquecido e principalmente tem sua qualidade reduzida quase que ao máximo.

Outro grande obstáculo na trama é que em nenhum momento há um esforço para que possamos compreender o que representa essa criatura, tampouco suas personagens são desenvolvidas, há o começo de um desenvolvimento, mas o mesmo é interrompido e o resultado é que nem mesmo a crítica que tenta fazer aos adolescentes e as redes sociais acaba por ter profundidade.

Um dos pontos positivos da obra é a fotografia escura, mórbida e com neblina. Sendo assim, essa atmosfera gera nos primeiros momentos uma tensão, um ambiente opressor, mas com o passar do tempo, a falta de luminosidade incomoda um pouco e perde o impacto inicial por ser utilizada quase que o tempo todo. Além do incrível desenvolvimento das personagens na primeira parte do longa, nos revelando um certo abandono por parte dos pais, sendo um deles, inclusive, um alcoólatra, o que poderia nos levar a questionar questões importantes sobre juventude, adolescência e abandono, acaba por ser substituído por decisões equivocadas e sem sentido das personagens, tão conhecido em muitos filmes batidos do gênero.

Infelizmente, fui conferir o filme por conta de todo o hype que engloba a figura do homem esguio, por conta da memória aterradora que tinha do jogo, mas que em nenhum momento ao se deparar com ele no longa me trouxe a tona tais sensações. É um terror que cairia muito bem para os moldes de uns anos atrás, mas que hoje, com todas as mudanças, não consegue ser nada mais além do que ultrapassado.

Enfim, Slender que talvez seja uma das histórias mais interessantes da internet e uma lenda urbana rica em detalhes, em sutilezas e em suspense que muito nos causou arrepios e de fato pesadelos, nas mãos dos roteiristas e do diretor Sylvain White viu seu potencial desperdiçado e se tornou o pesadelo dos fãs tanto do gênero quanto do humanoide.

Tagarelem conosco: Tiveram contato com outras obras baseadas no Slender Man?

Filme estreia dia 23 de Agosto nos cinemas (hoje)
Até a próxima tagarelice e lembre-se de tomar cuidado com o Slender!

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