Hereditário | Filme nos mostra que nem toda herança é uma dádiva

Hereditário | Filme nos mostra que nem toda herança é uma dádiva

Com estreia cinematográfica do diretor e roteirista Ari Aster, Hereditário a mais nova produção da A24 – conhecida por produzir grandes títulos como A Bruxa, Lady Bird e o ganhador do Oscar de Melhor Filme Moonlight – e distribuição da Diamond Filmes chega aos cinemas hoje (21 de Junho).

Sinopse:

Em “Hereditário” uma simples tragédia familiar se transforma em algo profundamente sinistro. Quando Ellen, a matriarca da família Graham, morre, sua filha e seus descendentes começam a descobrir enigmas e segredos cada vez mais aterrorizantes. Quanto mais eles descobrem, mais eles tentam escapar do destino sinistro que parecem ter herdado.

Temos visto uma alta crescente de produções cinematográficas do gênero terror, o que não acaba sendo uma novidade tão grande assim, uma vez que o gênero é bastante assistido e isso não tem mudado. O que tem sido um grande diferencial, no entanto, é o quanto estes filmes têm buscado se inovar dentro desse gênero, como por exemplo Mãe!, ao nos apresentar uma trama muito mais simbolista e tensa, e mais recentemente Um Lugar Silencioso, que se utiliza da falta de som para se sobressair. Com Hereditário não é diferente, quando pensamos em sua história vemos o quanto ela é bem presente em muitos filmes do seu gênero, mas quando olhamos para a obra num geral vemos o quanto há abordagens e elementos novos. Seja em sua fotografia, em que há um uso enorme da técnica de luz e sombra para nos gerar essa sensação de um ambiente sombrio, em que há mais escondido diante dos nossos olhos do que pensamos. Seja por iluminar um objeto em específico para nos direcionar para esse foco, seja por utilizar a câmera seguindo os personagens, em grandes planos panorâmicos, tudo para nos assustar e gerar desconforto, sem ter que apelar para os Jump Scares.
Outro grande destaque é o quanto o efeito sonoro é preciso e grande causador de uma sensação bem bizarra, uma angústia, um desespero que como uma coceirinha no cérebro nos incomoda. Em determinado momento da sessão, a impressão era de que as moscas presentes em algumas cenas, se encontram ao pé do nosso ouvido. Essa incerteza de se o elemento está fora ou dentro do filme também nos diz bastante a respeito da obra, pois a mesma brinca com nossa mente, ora nos fazendo acreditar que pode tudo ser uma fantasia da cabeça dos personagens, ora nos fazendo questionar o quanto tudo aquilo pode ser bem real. 
Hereditário não tem pressa ao nos gerar medo e todas as sensações provenientes dele, mas se preocupa primeiro em nos apresentar o contexto da história, quem são aquelas pessoas, o que estava acontecendo com elas e principalmente como é o histórico familiar e qual sua situação psicológica, pois todos esses detalhes são fundamentais para a compreensão da trama ao final. Falando em detalhes, preste bem atenção em tudo, não deixe nada passar, não tem um elemento que não seja importante. É o maior conselho que posso te dar, pois quando chegar o final você vai perceber que a união de cada elemento fez a diferença e tudo faz o maior sentido. 
O que nos perturba, nos desconcerta é justamente a naturalidade com que a obra trata os assuntos em que aborda, a sutileza presente, os sustos são provenientes de coisas que nos assustam no dia a dia, coisas que classificamos com o medo que projetamos de tais coisas, o olhar rápido que nosso cérebro interpretou errado. O uso utiliza sentimentos bem verídicos, bem vividos por todos nós, como o luto, a perda, a culpa, a raiva e o quanto tudo isso abala nosso psicológico, é inclusive, um breve estudo da psique humana. O longa traz até mesmo várias metáforas e interpretações sobre transtornos mentais e utiliza deles para nos gerar essa incerteza. 
A  escolha do elenco foi excepcional, a protagonista interpretada por Toni Collette merece o maior destaque juntamente com Alex Wolff, ambos entregam uma atuação que demonstra o quão aterrorizados e abalados eles estão com tudo o que está acontecendo com eles. Seja nas expressões, nas explosões, no modo de olhar, se portar e até mesmo falar. Está tudo o que eles sentem imprimidos ali.
Uma das coisas mais incríveis do longa é a naturalidade com que aborda as coisas, a morte é uma das melhores, pois vemos o quanto ela chega para todos, não importa como foi, se foi de forma sobrenatural ou não, o que importa é que ela chega e para todos a deterioração acontece. Está bem presente esse viés da natureza ali em diversos momentos.
Enfim, Hereditário é um filme que surpreende trilhar um caminho que foge dos clichês, que passa bem longe dos Jump Scares e que principalmente inova em sua maneira de nos contar histórias tensas e assustadoras. O final é o clímax máximo da trama, é chocante e fascinante ao mesmo tempo, nos surpreende de uma forma que a única coisa que pensamos é que não é só mais um filme, pois ao invés de te entregar todas as respostas, ele te mostra vários trajetos para ti interpretar.
Por isso, recebe:
(5 de 5 Pinguinzinhos)

Tagarelam conosco: Vocês gostam de obras nesse gênero? Vão ir assistir ao longa?

Até a próxima tagarelice e lembrem-se nem toda herança é uma dádiva.

4 Replies to “Hereditário | Filme nos mostra que nem toda herança é uma dádiva”

  1. Filmes de terror estão meio manjados para mim (não que eu não tenha medo, haha). A verdade é que a empresa cinematográfica do terror está precisando de novos ares mesmo, Mãe! e Um Lugar Silencioso inovaram sendo simples, e depois da sua resenha acredito que Hereditário vá pela mesma linha.
    Fiquei hiper curiosa para assistir, amei sua resenha!

    Beijos!
    amavelgirassol.blogspot.com

  2. Quando fui ao cinema e vi o pôster desse filme, me bateu logo uma curiosidade para assisti-lo. E agora, lendo sua opinião sobre ele, essa curiosidade aumentou XD
    Amei saber um pouco mais sobre o filme, principalmente que ele não se trata de mais um clichê do gênero terror (que não sou nenhuma especialista pois passei a assistir agora os filmes do gênero ^^').
    Obrigada pela indicação!
    Beijinhos, boa semana e parabéns pelo blog *-*
    https://blogalgodotipo.wordpress.com/

  3. Eu amo tanto ver os pinguins no fim do post hehe. Sua crítica ficou muito… poética, eu acho. A forma como você descreve a obra só me fez ficar com mais vontade de assistir, pois já tinha surgido um interesse com a premissa. Eu adoro esses filmes que, aparentemente são de terror, mas que depois a gente percebe que tratam de muitas coisas mais. Sinto falta de filmes que tratam com mais naturalidade assuntos como a morte! Adorei a indicação, chuchu <3

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