Parque do Inferno | É a prova que o slasher à moda antiga não deve voltar

Primeiro longa dirigido por Gregory Plotk, Parque do Inferno se destaca por seu cenário interessante, afinal, que lugar seria melhor para cometer assassinatos se não um parque temático de terror onde os atores podem interagir com participantes? O longa faz uma grande homenagem aos slashers anteriores, mas nos faz perceber que o slasher à moda antiga deve permanecer no passado.

Sinopse:

Neste emocionante passeio, a estudante universitária Natalie está visitando sua melhor amiga de infância, Brooke, e sua colega de quarto, Taylor. Se fosse em qualquer outra época do ano, as amigas e seus namorados poderiam ir a um show ou a um bar, mas é Halloween, o que significa que, como todo mundo, eles irão para o Hell Fest – um parque labiríntico com jogos e brincadeiras que excursiona o país e chegou a cidade do grupo. Todos os anos milhares de pessoas seguem o Hell Fest para experimentar o medo neste macabro parque temático. Para um visitante, Hell Fest não é uma atração – mas sim um campo de caça. Uma oportunidade para matar à vista de uma platéia boquiaberta, envolvida numa atmosfera terrivelmente divertida com uma horrível realidade que se desenrolava diante de seus olhos. Enquanto a contagem de corpos e a excitação frenética das multidões continuam a subir, ele volta seu olhar mascarado para Natalie, Brooke, Taylor e seus namorados, que lutam para sobreviver.

Tivemos esse ano, um incrível ano para o terror, são incontáveis os longas de alta qualidade e que acrescentaram muito ao gênero. No entanto, infelizmente, o Parque do Inferno não faz parte desse time. Principalmente, por sua proposta de elogiar os clássicos slashers, acaba que esse não é nem o problema, pois tivemos Halloween trazendo uma releitura do filme slasher para a atualidade sem deixar de prestigiar os clássicos. Isso porque pegou elementos que não cabem mais na nossa sociedade atual e trouxe uma nova visão, uma inovação, algo que Parque do Inferno passou longe de fazer.

A subversão é rara, sendo dada, em apenas um único momento, ao final do filme, quando os jumpscares passam a representar o triunfo da protagonista sobre o serial killer. Isso é um ponto muito positivo. Mas, temos muitas ressalvas, infelizmente, como toda a estereotipação do grupo adolescente bem comum ao gênero, principalmente utilizando o recurso das mortes serem dadas por motivação sexual, ou seja, quanto mais “promíscuo”, mais sexualmente ativo, mais alvo você será.

E é algo que já não cabe mais dentro do cenário do terror atualmente, tivemos vários processos relacionados principalmente a emancipação sexual das mulheres, a luta contra o machismo e sexismo, a constatação de que sim mulheres assistem muitos filmes de terror e buscam representatividade. Por conta disso, a sociedade vai se alterando e com isso a arte deve acompanhar e tem acompanhado, mas infelizmente surge vez ou outra uma ideia que volta a disseminar valores antigos que perpetuam certos preconceitos e estereótipos negativos. A ideia pode ter sido até boa: homenagear os clássicos do gênero, no entanto, sua execução e escolha de quais elementos seriam utilizados para este fim é que foram equivocadas.

Ademais, temos outros problemas no longa, sendo um deles a problemática de um filme de terror não causar medo, não aterrorizar. Muitas sequências de cenas são totalmente previsíveis e a partir disso perde-se todo mistério e os sustos não surtem efeito.

O que acaba sendo uma grande falha para um filme cuja a proposta é ser um longa de terror e que quando analisado com outras obras lançadas no mesmo ano acaba sendo apenas um filme esquecível com a história que tu já viu outras milhões de vezes e provavelmente viu mesmo, haja vista, o uso excessivo da fórmula de outros tantos filmes do gênero. Fórmulas estas que todo mundo já está cansado de assistir.

Outro grande problema é a falta de aprofundamento dos personagens principais, temos zero empatia por eles, chega uma hora que não importa se vão morrer ou não, porque simplesmente não ligamos. Os diálogos são rasos, bem mal escritos, o que contribui ainda mais para a ideia de adolescentes irritantes e burros que parecem não possuir nada de conteúdo e servem somente para o assassino matar. Isso é outro elemento que não cabe mais dentro do terror atual.

Temos cenas bem sanguinolentas, no entanto, estas são desprovidas de um maior impacto, afinal as atitudes dos personagens e a forma com que morrem acabam sendo nada inteligentes. As personagens se colocam na posição de abate, muitas vezes, se não quase todas as vezes.

Dizer que uma obra é toda ruim, é um problema por ser uma mentira, por mais ruim que ela pode ser, tem seus acertos e com Parque do Inferno não é diferente, além da subversão da presa em controle do seu predador e os sustos provenientes disso, temos também um cenário impecável. Tenho total certeza que todos os que assistirem terão vontade de visitar o parque temático, até porque a narrativa do parque é incrivelmente original e bem construída. Afinal, Um parque temático de terror em que os atores interagem com os visitantes, é um palco perfeito para um serial killer. Genial!

Há também uma revelação muito bem pensada e que se encaixa nos moldes atuais de terror, a revelação da identidade do serial killer, é de longe o mais interessante no longa e surpreendente. Nos leva a refletir que quem está por trás da máscara é um ser humano, é alguém, apesar de ter atitudes horrendas e nos fazer assimilá-lo como um monstro. Nem todo psicopata, na vida real, sem a máscara vai se parecer como um.

O Parque do Inferno trabalha com o limite entre a realidade e a ilusão, prova maior disso é a personagem ir se dando conta de que a atmosfera daquele terror é criado e previsível, mãos irão aparecer em tal lugar, em determinado momento. Consegue-se perceber quais são reais e quais são plástico. E isso serve como uma metalinguagem sobre a própria narrativa do filme, em que sabemos apontar certinho o momento do susto. Além disso, trabalha com essa ideia na hora de nos fazer questionar quem é ator e quem é, de fato, o assassino, diferenciar isso é uma dificuldade abordada no longa.

Enfim, em um ano considerado o do terror é triste ver que o Parque do Inferno infelizmente não se encaixa nesse cenário. A obra poderia ter trabalhado melhor seus personagens, sua narrativa, obter menos por soluções fáceis e criar de fato um ambiente de terror. Não é um filme revolucionário, tampouco um filme aterrorizador que irá tirar teu sono, é apenas divertido e uma prova atual de que o Slasher à moda antiga não deve voltar.

O longa estreia dia 22 de Novembro (hoje!) nos cinemas.

Tagarelem conosco: terão a coragem de enfrentar o parque?

Até a próxima tagarelice e sempre lembrem-se que o psicopata pode estar mais perto do que você imagina!

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