Verity | Construção de um incrível thriller: a paranoia em não saber o que é verdade e o que não é

Conhecida por escrever livros de romance, mais especificamente new adult, Colleen Hoover se aventura no mundo do thriller, em seu livro de estreia no gênero, Verity demonstra uma habilidade incrível da autora em nos gerar apreensão por um perigo eminente, por algo desconhecido, por nos prender nessa atmosfera que ela criou na história.

Se você ainda não leu a obra, recomendamos que não leia esse texto, pois é aquele tipo de obra que qualquer informação pode estragar sua experiência com a leitura. Irei abordar sobre as temáticas do livro, ou seja, falar mais com o leitor que já passou pela experiência do que com aquele que nem começou ainda.

Para compreender melhor o porquê Colleen foi tão bem sucedida com a escrita de Verity, precisamos lembrar que thriller é um gênero que utiliza como principais elementos a tensão, o suspense e a excitação. e que thriller psicológico é o subgênero em que Verity melhor se encaixa, pois Lowen, a protagonista, enfrenta situações em que não sabe se está ficando maluca ou não, devido a leitura do manuscrito da Verity, logo percebemos que a protagonista tenta em todos os momentos se manter mentalmente sã. Quando a personagem principal passa por situações de estresse, causado pela tensão, pelo nervosismo, nós passamos também, é algo que a autora trabalhou muito bem na obra. Lowen sente a paranoia, logo sentimos também, pois isso é o que a narrativa em primeira pessoa proporciona: a gente está dentro da cabeça da personagem.

Mas, o mais impressionante na história da Colleen é que ela utiliza do processo do escritor, da mente dele, do modo como consegue manipular a verdade, a realidade para nos mostrar o que ela mesma está fazendo conosco, afinal ela é uma escritora. Ela está manipulando nossa verdade sobre a história e nos levando assim a desconfiar da nossa própria sanidade mental, nos levando a passar por períodos de suspense, quando experimentamos a antecipação do perigo, por exemplo logo que ela chega a casa, sentimos que tem algo estranho e que algo ruim está acontecendo ou para acontecer. Ou quando ela começa a ler as bizarrices de Verity começamos a antecipar que essa mulher vai causar um mal a eles, isso nos direciona a desconfiar ainda mais da “antagonista”. Quando Lowen começa a perceber os movimentos de Verity, quando é pega de surpresa pela personagem olhando para ela, experimentamos a excitação, a agitação, a ansiedade que aquilo causa, parece que nós estamos sendo observados, essa sensação gruda enquanto estamos lendo.

Seguimos cada vez mais dentro daquela história, querendo ler cada vez mais, sem parar pois a curiosidade em saber qual rumo a história vai ter, é enorme. Conforme vamos conhecendo Verity através de sua escrita, através da impressão que Low têm, tentamos a partir disso entender as motivações de Verity. E aí, as coisas começam a ficar bizarras, a obsessão dela pelo marido, que a leva a detestar as filhas e a rejeitar a maternidade, com um ciúmes absurdo. As tentativas de assassinato das crianças, tudo isso te apavora. Te faz questionar como o ser humano pode ser puramente mal. Te repulsa, te dá um embrulho no estômago, te faz ter nojo, e bem aí, a autora já te envolveu em uma história de thriller psicológico brilhante. Mas, não para por aí, Hoover, ainda brinca com seus sentimentos, com uma pitada de romance adulto, um romance meio emblemático, uma vez que é entre um homem casado cuja esposa está presa dentro de si, que não consegue se mexer sozinha, que tem “pouca consciência do que está acontecendo”. São personagens complexos, todos eles.

Hoover tenta nos conduzir a detestar Verity, a simpatizar com a protagonista, afinal estamos acompanhando sua visão. E principalmente a talvez torcer por esse romance entre Lowen e Jeremy. No entanto, quando vamos se encaminhando para o final e acreditando em um “final feliz”, uma vez que assassinar uma pessoa por quaisquer motivos que sejam, continua sendo um crime. Mas, quando acreditamos que o novo casal vai conseguir ter paz, nos deparamos com uma carta de Verity contando a verdade, e nesse exato momento que a paranoia retorna com toda força, qual será que é a verdade? Verity é excelente como autora por saber manipular a verdade, a realidade, como a mesma diz, mas qual delas?

Então, tudo o que lemos, tudo o que achamos que sabemos se mostra completamente desconhecido, podemos confirmar que o manuscrito era só um exercício de escrita, seria a carta verdadeira? Não temos como saber, pois a autora deles se encontra morta. Só o que temos é a perspectiva da protagonista e sabemos depois de Dom Casmurro que nem sempre a visão deles é confiável. Não temos todos os lados da história, aí fica complicado julgar. E principalmente, porque não temos certeza de absolutamente nada nessa história. Durante a leitura nos pegamos com vários questionamentos a respeito de tudo, mas chegando ao final obtemos ao invés de respostas, mais incógnitas e isso é o mais incrível na obra, mesmo depois de terminar, você não digere, ela fica ali martelando na tua cabeça.

Enfim, Verity é um excelente thriller, muito lembra Gone Girl (Garota Exemplar), mais pelo sucesso em sua narrativa e em seu gênero, do que pela história em si, afinal são duas histórias diferentes, sobre duas personagens complicadas, complexas e que nos levam a questionar certos comportamentos. Hoover conseguiu nos enganar certinho, principalmente quando nos encaminha, com suas palavras, a acreditar em algo que, na verdade, pode nem ser aquilo que tínhamos certeza. Ela faz o que uma excelente escritora faria, manipular a realidade, a verdade, afinal ela escreve ficção. Qual a verdade? Cabe a você leitor decidir.

Com o incrível suspense que ela criou em Verity, só podemos esperar e torcer para que Colleen Hoover possa se aventurar cada vez mais no gênero.

Tagarelem conosco: Qual a conclusão final de vocês? Qual é a verdade? Quem está contando o que acontece na realidade? Qual narrativa vocês acreditam?

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Até a próxima tagarelice e lembrem-se de falar comigo sobre esse livro, pelo amor de deus!

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