Um Pequeno Favor | Diferencial do longa é equilibrar muito bem o thriller com o cômico

O novo filme do diretor Paul Feig, Um Pequeno Favor, é baseado em uma obra literária homônima de Darcey Bell. A dinâmica do longa se diferencia por optar por um thriller com pitadas de comicidade. Utilizando o sarcasmo, os esteriótipos e a ironia do cotidiano, de uma forma, até mesmo inovadora.

Sinopse:

Quando a “nova amiga” de Stephanie (Anna Kendrick) pede para ela pegar seu filho na escola e depois desaparece misteriosamente, Stephanie procura descobrir a verdade por trás do súbito desaparecimento de Emily (Blake Lively). Stephanie é acompanhada pelo marido de Emily, Sean (Henry Golding) neste thriller cheio de reviravoltas e traições, segredos e revelações, amor e lealdade, assassinato e vingança. “Um Pequeno Favor” é um elegante filme noir pós-moderno dirigido por Paul Feig.

Como uma grande surpresa, o longa nos surpreende simplesmente por fugir de nossas expectativas. Por brincar com nossas descobertas, pois quando achamos que desvendamos o mistério, mais elementos e plots twists aparecem para nos mostrar que estávamos tão errados. O clima de mistério e suspense contribuem para gerar curiosidade e tensão, nos prendendo até os últimos minutos. Logo, no início, temos a apresentação desse humor descomedido, desse humor ácido e excêntrico que nos faz rir em momentos inusitados.

O roteiro adaptado de Jessica Sharzer (American Horror Story) é conciso, mas em determinados momentos desliza, apelando demais, ora para a dramatização, ora criando situações demais, tentando ser grande demais.

No entanto, há diversos pontos positivos, Um Pequeno Favor, faz um ótimo uso de suas protagonistas, que inclusive são os maiores destaques, a dualidade entre as personalidades, os seguros e confidências trocas, tudo está bem representado seja nos diálogos, seja no figurino ou nos objetos de decoração. Algo importantíssimo de destacar é a importância da representação da maternidade, suas dificuldades em conciliar o trabalho e o cuidado do filho. Até mesmo em trazer duas representações de mães, uma sendo mãe solteira e a outra uma mãe bem sucedida profissionalmente e as diferentes dificuldades que cada uma tem que enfrentar.

A atuação de Blake Lively e Anna Kendrick são espetaculares, as atrizes conseguiram transpor para as telas uma química incrível. Anna interpreta e traz um lado cômico e original para sua personagem, dando um tom próprio até mesmo para a trama. Já Blake consegue imprimir toda a imponência da personalidade forte que Emily requer, seja por suas expressões, trejeitos, modo de falar e até mesmo sua postura. O contraste entre as duas, mas ao mesmo tempo a semelhança que possuem por esconderem segredos é o que torna interessante de acompanhar seus pontos de vista.

Inclusive, o próprio longa é um reflexo da combinação das personalidades de suas protagonistas: a mistura entre o cômico e o mistério. Uma personalidade extremamente forte e uma excentricidade única. Todo esse tom é expresso por vestidos floridos em momentos obscuros.

“O que aconteceu com Emily?” Esse grande questionamento não nos abandona em nenhum momento do filme, nos acompanha, inclusive, até os minutos finais quando compreendemos tudo.

Amizade é um tema recorrente em Um Pequeno Favor, vamos sendo questionados a questões morais por meio dessa temática, seja através de um segredo confidenciado a uma amiga ou até mesmo em uma situação em que se discute lealdade. Há também levantamento do questionamento do que é amizade? Quando que, de fato, conhecemos profundamente alguém? Tem como colocar a mão no fogo pelas imagens que criamos das pessoas? São várias as dúvidas deixadas pela trama no ar para que possamos preencher conforme acreditamos ser a amizade.

Outros tipos de relacionamentos são temáticas abordadas no longa, como, por exemplo, assuntos familiares e relacionamentos amorosos. Tudo isso permeando questões morais e revelando facetas obscuras do ser humano.

O ditado “A grama do vizinho é sempre mais verde” se mostra presente para, mais uma vez, nos levar a refletir se a vida do outro é melhor mesmo. Nunca sabemos até passar na pele o que aquela pessoa passa. Por mais perfeita que a vida do outro pareça, não sabemos de tudo, não a estamos vivendo. Então, temos que focar de que forma podemos melhorar a nossa.

“Acho que a solidão deve matar mais que câncer”

Os momentos engraçados são, em sua maioria, naturalmente ressaltados durante a trama, deixando a experiência mais leve, mas sem perder o foco nos aspectos dramáticos necessários ao desenvolvimento do roteiro. E a cada novo segredo sendo desvendado, o filme conquista sua atenção e se revela surpreendente.

Enfim, apesar de, às vezes, nos remeter a outras obras, como Garota Exemplar e Meninas Malvadas e até mesmo recorrer a alguns clichês, seu tom de humor mais ácido, torna tudo mais divertido e dá um tom de frescor, de novidade. O uso do protagonismo feminino e a representação do papel materno trazem mais representatividade e exploram uma temática que não possui tanto espaço nesse cenário cinematográfico, mas que se revela extremamente necessário. A verdade é que saímos do cinema sem saber assimilar direito o final em que vimos, pois é totalmente inesperado e isso é o diferencial de Um Pequeno Favor.

O filme chega aos cinemas em 27 de Setembro, ou seja, hoje.

Tagarelem conosco: irão investigar o desaparecimento de Emily?

Até a próxima tagarelice e lembrem-se que nem tudo é o que parece ser!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *