It: Capítulo 2 e a superação do medo como forma de crescimento

Depois de dois anos após o lançamento de It – A Coisa em 2017, chega aos cinemas a segunda parte do embate entre o palhaço Pennywise e o clube dos perdedores. It: Capítulo 2 vem para encerrar de uma vez por todas as atrocidades do palhaço.

Sinopse:

27 anos depois dos eventos de “It – A Coisa”, Mike (Isaiah Mustafa) percebe que o palhaço Pennywise (Bill Skarsgard) está de volta à cidade de Derry. Ele convoca os antigos amigos do Clube dos Otários para honrar a promessa de infância e acabar com o inimigo de uma vez por todas. Mas quando Bill (James McAvoy), Beverly (Jessica Chastain), Ritchie (Bill Hader), Ben (Jack Ryan) e Eddie (James Ransone) retornam às suas origens, eles precisam se confrontar a traumas nunca resolvidos de suas infâncias, e que repercutem até hoje na vida adulta.

Logo no início da longa metragem, damos de cara com uma cena bem violenta, algo que podemos comparar com sua primeira parte, e essa cena serve para nos mostrar o porque de Pennywise optar por aquela cidade em específico, como um ser que se alimenta do medo, Derry proporciona uma ótima refeição, há muita violência, intolerância e ódio rodeando os personagens e isso gera medo, gera insegurança. Essa primeira cena tem também um papel muito importante para nos ditar qual a relação entre o clube dos perdedores e o palhaço, com um acontecimento que só vamos linkar mais para frente. Do mesmo jeito que Pennywise marcou a vida daquelas crianças para sempre, o grupo de amigos marcou a vida do palhaço. Tem-se uma conexão meio bizarra. O vilão não superou ter sido derrotado uma vez por eles e o grupo não superou tão bem os traumas adquiridos no processo, pois a perda da memória não facilita esse processo.

Se em It – A Coisa o medo era explorado a fim de gerar horror, tanto nos personagens quanto em nós mesmos, os espectadores, o medo em It: Capítulo 2 se revela um tanto quanto diferentes. Seu formato muda também, afinal o medo de uma criança é muito mais físico, é muito mais associado a objetos, enquanto o medo adulto é bem mais abstrato, como por exemplo, o medo da rejeição. Sendo assim, tais medos são mais difíceis de retratar, logo também são mais complicados de transpor da tela até o espectador. No entanto, ainda fazendo um comparativo com sua primeira parte, em it 2 temos o amadurecimento desses personagens, em consequência, temos o amadurecimento desses medos e precisamos nos deparar com adultos que precisam revisitar seus passados, revisitar seus medos, para superar traumas antigos, para encarar de fato seus medos, afinal esquecer não resolve nenhum problema e não temos como seguir em frente, sem antes se inflar de coragem e enfrentar as situações, por mais que queiramos correr o mais longe possível daquilo.

Assim como a gente, os medos amadurecem, principalmente porque há muito tempo serviam como mecanismo de defesa, uma forma de sobrevivência e isso é muito bem trabalhado em It – A Coisa, no entanto, no segundo capítulo vemos a segunda faceta desse mecanismo, o medo pode também em demasiado ser algo que impede o crescimento, que trava, que gera problemas psicológicos, que traumatiza e é aí que precisamos encará-los.

Outra grande diferença do primeiro longa para esse é que os sustos foram melhor utilizados, houve também mais terror psicológico, vimos mais Pennywise em ação, utilizando sua fantasia como forma de atrair crianças, sua lábia ao enganá-las e isso gerava um desconforto maior e uma sensação de impotência gigantesca, criando até mesmo uma atmosfera de suspense, onde a antecipação de saber enxergar a maldade naquele palhaço, se aproveitando da inocência da criança, nos deixa em um estado de nervosismo e antecipação de uma situação bem ruim. O que fez da primeira parte de It uma obra tão excelente e que sentimos perder força na segunda é justamente a utilização de Pennywise como a encarnação, materialização do medo de cada um – que o alimentava -, sentimos a falta desse medo de uma forma mais pura. Talvez seja a fragilidade infantil mais eficaz ao nos fazer sentir terror psicológico, mas também acredito que faltou algo em direção e roteiro, algo que não faltou no primeiro capítulo. Uma das grandes figuras de it é o palhaço e perdemos muito com sua pouca presença em tela.

Enfim, It Capítulo 2 possui muitos pontos acertados, cenas que marcaram com certeza o cinema, o terror é muito mais que jumpscare, as história de King estão aí para provar. Tem muita obra revolucionando cada vez mais a sétima arte. Terror é também pensamento social, crítica e ensinamentos e o grande aprendizado que It passa é de que nem o maior dos nossos medos é puramente forte, assim como Pennywise o medo pode ser sua maior força, mas também é sua fraqueza, pois ninguém está imune a ele. No entanto, toda sua força se perde diante da coragem e o controle passa a estar na mão de quem encara, mesmo quando treme de medo.

A violência tanto física, quanto verbal, quanto gráfica permanece, afinal não seria Derry. Tem literalmente um banho de sangue.

Então, tagarelas o clube dos perdedores (losers) tem uma dívida com Pennywise e chegou o momento de acertar as contas. E vocês estão preparados para enfrentar isso com eles? Tagarelem conosco!

Até a próxima tagarelice e lembrem-se de não flutuar!

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