Hotel Artemis | Uma estádia nostálgica, mas que poderia ter melhores acomodações

Escrito e dirigido por Drew Pearce (roteirista de Missão Impossível: Nação Secreta e Homem de Ferro 3), Hotel Artemis é a estreia do diretor. Com mobília retro, nos remetendo aos anos 80, Artemis carrega consigo certa nostalgia ao mesmo tempo em que apresenta aparatos tecnológicos (semelhante ao hotel em Altered Carbon) e cria uma proximidade com nossa realidade, visto que se passa 10 anos à nossa frente, apenas.

Sinopse:

Em Los Angeles, num futuro não muito distante, um hospital para criminosos funciona sob a fachada de um hotel há mais de 20 anos. No comando, está a Enfermeira, responsável por manter as regras do local: não insultar funcionários, não portar armas, não matar outros pacientes. Quando as regras são quebradas, a vida de todos é colocada em risco.

Com um background caótico, o filme despretensiosamente nos dá um panorama do que viria a ser nossa sociedade com o rumo que estamos tomando, com a privatização da água, abuso policial e manifestos por falta de acesso ao que nos é básico. No meio disso tudo, se encontra o majestoso hotel, que em um primeiro momento nos surpreende por ser uma fachada para um hospital bem longe de ser convencional: o tratamento é direcionado aos bandidos, aos “caras maus”.

A premissa da história, o thriller nos cativa seja em seu trailer, seja lendo a sinopse, no entanto, conforme a trama vai se desenvolvendo, vemos muito se perder no caminho. Vemos todo o potencial se esvair, mas, veja bem, Hotel Artemis não é um filme ruim, nem tampouco excelente, é um filme mediano que gera diversão, nos apresentando um mundo possível, mas, ao mesmo tempo, não criando conexões com nossa realidade. Isso se deve, em grande parte, por não delimitar exatamente que tipo de história quer contar, não segue uma linha central, há muitas personagens e subtramas, entretanto, não há tempo suficiente para que cada coisa se desenvolva da forma adequada.

O grande problema é que muitas problemáticas são levantadas e suas resoluções são simplórias, principalmente quando levamos em consideração toda a proporção que o roteiro dá para tal evento, a sensação que ficamos é a de criar uma enorme perspectiva em cima de algo que não precisava. E isso gera decepção. Alguns desfechos não são satisfatórios, outros se mostram como, entretanto passam longe do que parecia ser uma conclusão para a questão. O roteiro acaba sendo um dos principais responsáveis por isso, trazendo muitas vezes diálogos fracos e expositivos como alternativa de nos explicar as coisas ao invés de estimular o suspense através das imagens, das cenas. É inegável a originalidade que a ideia central e o cenário possuem, no entanto, sua execução e suas escolhas demonstram que a condução da história caiu no ordinário, no comum, quando poderia muito bem ter sido inovador.

A quantidade de personagens e de subtramas seria mais adequado para o tempo de duração que uma série permite, assim, mais desenvolvimento poderia acontecer e poderíamos acompanhar a evolução da trama de cada núcleo que compõe a história. O longa acerta na escolha do elenco, temos o já conhecido e incrível potencial dramático de Sterling K. Brown, a espetacular e ganhadora de dois Oscars: Jodie Foster, além do alívio cômico que só Dave Batista é capaz de proporcionar em suas atuações. Em contraponto, temos Sofia Boutella, Charlie Day e Jenny Slate que não tem uma grande atuação devido ao pouco tempo e desenvolvimento que têm.

Em questões nostálgicas, o longa nos cativa, pois nos lembra que estamos assistindo a um filme, que estamos no cinema, então presenciamos, sim, alguns arquétipos que já vimos em outras tantas produções, mas que não são um grande problema, é apenas uma questão de percepção, no caso, cai muito bem no meu gosto. Há alguns clichês, mas eles estão aí para nos remeter a essas sensações, muito me lembrou a sensação que tinha quando comecei a ser uma amante dessa arte maravilhosa que é o cinema. E durante esse processo todo, nos diverte, então, um filme não precisa ser o mais inteligente, revolucionário, cult ou “mais cabeça”, a gente precisa parar de jogar tudo no mesmo saco e começarmos a analisar as propostas diferentes que cada um deles tem, Hotel Artemis talvez não seja o melhor filme do ano, mas não perde o seu mérito por causa disso, não se torna um filme ruim, é daqueles em que a gente senta, se diverte, come umas pipocas e relembra do porque amamos tanto o cinema, pela capacidade de ser muita coisa, inclusive, apenas uma diversão.

Enfim, damos entrada no hotel, nos aventuramos e acompanhamos toda a ação proporcionada pelas lutas que apenas os criminosos lá dentro podem nos dar, de quebra ainda temos a quebra o estereótipo que temos desse grupo de pessoas, esquecemos muitas vezes que são isso – pessoas. Nos deslumbramos com sua arquitetura, ficamos encantados com a direção de fotografia do Chung Hoon-chung (Oldboy e A Criada), temos a sensação de um perigo que não se concretiza totalmente, mas damos o checkin final, talvez não da forma que queríamos que fosse, por ser abrupto, mas que quando saímos ficamos com saudade daquele ambiente e, de fato, gostaríamos de ter aproveitado melhor, seja da forma que for.

Hotel Artemis é um projeto ambicioso, principalmente por se passar em um período de conturbação social, mas contar sua história unicamente em lugares interiores, poucas vezes lá fora e a isso devemos prestigiar a coragem e a originalidade. No entanto, dentro da ideia, da premissa do filme, dentro do Artemis existe um filme incrível que não teve tempo de ser mostrado.

Estreia dia 13 de Setembro nos cinemas!

Tagarelem conosco: Irão se arriscar a experimentar o hotel? Terão coragem de ficar em um ambiente com criminosos?

Até a próxima tagarelice e lembrem-se, caso deem entrada no hotel, nos avise!

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