Buscando… | A tecnologia como uma ferramenta investigativa

Como uma grande surpresa, Buscando… revela sua forma criativa em abordar um assunto tão comum no cinema.

Depois que a filha de 16 anos de David Kim (John Cho) desaparece, uma investigação local é aberta e uma detetive é designada ao caso. Mas 37 horas depois e sem pistas, David decide buscar no único lugar em que ninguém olhou ainda, onde todos os segredos são mantidos: no laptop de sua filha. Em um suspense hiper-moderno contado a partir dos aparelhos que usamos no nosso cotidiano para nos comunicarmos, David vai traçar as pistas digitais deixadas por sua filha antes que ela desapareça para sempre.

Utilizando a contemporaneidade através de uma invenção que foi incorporada ao nosso dia a dia: a internet, a tecnologia, o longa nos coloca dentro da investigação, acompanhamos todo o processo como se estivéssemos diante da tela realizando a busca, inclusive durante todo desenrolar do filme vemos tudo acontecer diante da tela, seja do computador, seja do notebook, seja do celular, seja nas câmera dos noticiários ou até mesmo em câmeras de vigilância. Todo o aparato tecnológico atual exerce um papel importante na trama, desde as redes sociais até os sites de busca.

Como algo marcante na narrativa, a tecnologia não é demonizada, nem endeusada, é apenas mostrado o seu potencial como ferramenta. Há em alguns momentos críticas, mas estas se direcionam às pessoas por trás das telas, pois a internet não se usa sozinha. Então, vemos o oportunismo de algumas empresas diante da desgraça alheia, vemos pessoas fingindo conhecer alguém e entrar dentro do assunto viral a todo custo a fim de obter likes. É o ser humano sendo ele mesmo, mas agora em um mundo novo, a internet.

Logo de início vemos o potencial criativo da obra, tanto o diretor – estreante Aneesh Chaganty – quanto o roteirista merecem os parabéns, assim como toda equipe envolvida no projeto. Buscando… se destaca principalmente por essa criatividade ser aplicada ao roteiro, não no quesito narrativa, mas em criar cenas em que não é necessário o uso de fala expositiva. Os detalhes fazem parte o tempo todo, temos um acesso enorme a informações, outra grande vantagem da tecnologia, afinal estamos na Era da Informação. Por conta disso, é muito fácil deixarmos passar algumas pistas, como o próprio protagonista e assim apesar de sugerir, de forma, sutil, o longa traz plot twists incríveis e inesperados, que nos fazem ficar boquiabertos e juntando todos os detalhes que jogamos de lado durante a projeção. Valendo toda a experiência quando sobem os créditos finais.

Há ainda a exploração das redes sociais e suas múltiplas facetas, como por exemplo, o uso de avatares e a ocultação identitária, o stalkeamento, a exposição, tudo isso abordado de uma forma neutra, nos dizendo mais a respeito de nós mesmo do que da tecnologia propriamente dita.

A tecnologia e a internet se mostram grandes aliadas da investigação, haja visto a facilidade em ter acesso às informações com um clique, com uma pesquisa no Google, Facebook ou qualquer outra rede social. Portanto, a cada novo clique temos uma pista, algo que pode se revelar crucial para descobrir o paradeiro de Margot.

Quanto ao uso do Facetime temos mais uma boa exploração da direção que se mostra eficaz em nos aproximar de David, presenciar seu desespero, ver o quanto de um homem calmo passa a ser alguém disposto a qualquer coisa pra encontrar a filha. O longa também aborda em relação ao relacionamento de pai e filha as dificuldades da paternidade, o quão difícil é lidar com adolescentes e o quão necessário é o diálogo. Tudo isso, de certa forma, influencia o comportamento de David, que em diversos momentos chega a constatar que não conhece sua filha.

Enfim, por ser um thriller, a obra demonstra bom uso do mistério para gerar o suspense, um clima de tensão altíssimo proporcionado pela quantidade de informações que não se encaixam, pela quantidade de tempo decorrido e pelos acontecimentos que nos levam a imaginar o pior. A gente prende a respiração, assiste aos “noticiários” que aparecem no filme, torcemos os dedos para que Margot esteja bem, sofremos junto com seu pai toda a angústia e no final não conseguimos nos desconectar até que o plot twist nos tire as palavras.

Buscando… se revela um filme inteligentíssimo, uma das maiores surpresas de 2018 junto com Um Lugar Silencioso e Hereditário. Recomendo a todos aqueles que amam um bom thriller e apreciam uma narrativa e direção diferenciada.

Filme estreia, hoje, dia 20 de Setembro nos cinemas

Tagarelem conosco: irão se conectar a história? Irão se juntar a David e desvendar esse mistério?

Até a próxima tagarelice e lembrem-se de fazer bom uso das tecnologias!

2 Replies to “Buscando… | A tecnologia como uma ferramenta investigativa”

  1. Nossa eu vi esse trailler no cinema, nem lembrava! Parece ser muito legal mesmo esse filme! Eu adoro coisas investigativas, com a tecnologia de hoje deve ter ficado o maximo!! Fiquei super curiosa com essa resenha toda!
    Beijinhoss, Marina
    Me visita também? 🙂 Blog Cabide Ideal

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