Sejamos todos feministas | Poucas páginas, muitos ensinamentos

Sejamos todos feministas é uma adaptação de um discurso feito pela nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie na Conferência TEDx Euston. A autora também escreveu outros livros como, Meio sol amarelo (2008), que foi vencedor do prêmio Orange Price e adaptado ao cinema em 2013, escreveu também Hibisco Roxo (2011) e Americanah (2014).  O livro possui 64 páginas, sendo, portanto, uma leitura rápida e que pode ser feita em torno de 1h. 

Vamos a sinopse?

Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé. 

O livro começa com relatos da autora sobre atitudes machistas e sobre o quanto estereotipam o feminismo, tais relatos lembram várias situações que já aconteceram ou acontecem conosco. A leitura desde o começo é agradável e acessível, os ensinamentos que a Adichie quer passar são apresentados de forma bem didática e os argumentos bem fundamentados. A linguagem é informal, a sensação que temos enquanto lemos é que estamos tendo uma conversa gostosa com alguém que tem propriedade do que está falando, gostei muito dessa forma que a autora escolheu usar, pois é importante que mais pessoas tenham acesso a questões feministas e por esse método torna mais fácil de se compreender o assunto. 

Os relatos e experiências, que há no livro, mostram o quanto o machismo ainda é bastante e totalmente presente na nossa sociedade. Nós mulheres sabemos muito bem disso, vivemos situações bem semelhantes, senão iguais, possuímos um estoque cheio de histórias do tipo para contar. Adichie nos mostra através de sua narrativa o quanto há tratamento diferente entre os gêneros, o quanto os homens possuem muitos privilégios só por serem homens, o quanto isso é injusto, pois a maioria, se não todas as coisas das quais eles tem privilégios, não são inerentes ao gênero. Ela também nos mostra o quanto nós, mulheres, somos submetidas a pressões constantes de como devemos ser, do que devemos gostar, do que devemos vestir, qual comportamento nos é adequado e as consequências que tudo isso gera para nós. Outra coisa interessante dos assuntos que ela aborda é o quanto o machismo está tão enraizado na nossa sociedade que, muitas vezes, passa a ser considerado aceitável por muitas pessoas, mas não é e nem deveria ser.
“O problema da questão de gênero é que ela prescrever como devemos ser em vez de reconhecer como somos.”
A desigualdade é muito bem exposta pela Chimamanda, como podemos ver nesse trecho que ela cita uma mulher que recebeu o Nobel da Paz: “quanto mais perto do topo chegamos, menos mulheres encontramos” (Wangari Maathai), apesar vermos que as mulheres tem conquistados mais os seus espaços, ainda podemos notar o quanto para cargos de chefia o número de homens para o número de mulheres, que o ocupam, é discrepante. Anteriormente citei que a autora fala sobre a pressão que as mulheres sofrem como pode ser mostrado nesse outro trecho: “Perdemos muito tempo ensinamento meninas a se preocupar com o que os meninos pensam delas. Mas, o oposto não acontece.” Vemos esse tipo de pressão para todo o lado, principalmente, quando se trata sobre beleza, em que temos que nos vestir de forma a sermos aceitas pelos homens, se quisermos casar, se quisermos respeito. Isso é um total absurdo, temos que nos vestir da forma que estivermos confortáveis ou que olhamos e pensamos “eu sou um mulherão da porra”.

Em nossa sociedade, vemos também a pressão estética se mostrando através de padrões inalcançáveis de beleza, onde tentam nos fazer odiar nossos corpos por não serem como os que nos mostram, sendo que deveria explorar a diversidade que temos, não nos reduzir a algo que não somos. Enquanto lia Sejamos todos feministas, lembrei de algo que vi uns dias antes, a Emilia Clark fez uma campanha publicitária para o novo perfume da Dolce & Gabbana e nas fotos da campanha o corpo da Emilia foi alterado, emagreceram ela demais, o comparativo entre o corpo da atriz com o que aparece nas fotos é altamente discrepante. O que leva uma empresa modificar o corpo da sua modelo senão tentar vender a ideia de que apenas corpos de mulheres magras são aceitos, porque não podemos ter campanhas publicitárias de mulheres com seus corpos naturais? Qual o problema disso? A pressão estética gera bastante insegurança e baixa autoestima, isso não é certo, nossos corpos são diversos e bonitos do seu jeito e precisamos sim, que a cada vez mais tenhamos essa diversidade representada na mídia. 
Uma das coisas que mais gostei no livro é que a Adichie evidência que as atitudes mesmo que pequenas e cotidianas tem um enorme impacto, pois aos poucos cada uma delas sendo somadas geram consequências mais graves. É por meio de muitas atitudes pequenas que o machismo é ainda mais reforçado, é propagando algumas coisinhas que parecem ser indefesas que muitas ideias mais sérias são repassadas. Quanto a preconceitos, nada é indefeso, todas as atitudes importam.

“Sei que são detalhes, mas às vezes são os detalhes que mais incomodam.”


– Ela tava comentando sobre as idas dela ao restaurante e sempre que ela esteve acompanhada o garçom cumprimentava apenas o homem e a ignorava. Atitudes assim podem parecer detalhes, mas não são, como ela disse depois: “toda vez que eles me ignoram, eu me sinto invisível”, pois a ideia que isso passa é que a presença masculina importa, a nossa, não. Quem é que gosta de se sentir assim? É uma coisa básica, é um ato de educação, que nos privam por sermos mulheres.

Enfim, durante toda a leitura eu aprendi ainda mais sobre questões de gênero, feminismo e machismo. A pinguim queria copilar todas as frases dela e trazer para cá, pois são todas incríveis e muito bem elaboradas, mas não pode porque aí perde um pouco a graça de ler, não é mesmo? E a pinguim não quer isso, pois Sejamos todos feministas é uma leitura obrigatória a todos, por ser uma leitura de fortes ensinamentos, por trazer ótimas reflexões para que possamos discutir, debater e repensar nossas atitudes. Mesmo de poucas páginas, Sejamos todos feministas carrega consigo a completude e grandiosidade de conteúdo. 
A nota não poderia ser menos que:

(5 de 5 pinguinzinhos)

PS: aqui se encontram algumas das próx. leituras da Pinguim 💙
Então, tagarelem comigo: O que vocês mais gostaram do livro? Quais coisas vocês se identificaram? Querem ler outras obras da autora?

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16 Replies to “Sejamos todos feministas | Poucas páginas, muitos ensinamentos”

  1. Oii, espero que goste da leitura e que seja tão engrandecedor para você como foi para mim. Bem lembrado, confesso que tenho certa antipatia com o capitalismo por esses e outros fatores, a gente avança mas até que certo ponto, né? Acho covardia também.

    Obrigada pelo seu comentário, viu?
    Beijos

  2. Eu também, tenho buscado ler cada vez mais a respeito do assunto. É algo super importante de sabermos mais. Isso, leia, tenho certeza de que vai gostar e de que vai ser uma leitura engrandecedora <3

  3. Olá! Certamente, esse assunto é um dos que, em pleno ano em que nos encontramos, ainda precisa ser debatido. Quero ler o livro e fico feliz por ver comentários positivos sobre ele.
    Você falou sobre a mídia, e isso me remeteu a um ponto em que, mesmo parte da mídia apoiando o feminismo, elas usam isso como uma forma de venda. Como por exemplo, linhas cosméticas criam produtos para chamar a atenção das mulheres com bordões de que ela pode usar o que quiser, claro que podemos usar o que quisermos, mas acho covardia vender produtos em prol desse movimento.
    Beijos
    5 O'clock Tea

  4. Eu tenho me interessado cada vez mais a respeito do feminismo e acho que esse é um tema que deve ser abordado cada vez mais. Por mais que seja um assunto tão em evidência nos dias de hoje, ainda é algo que muitas pessoas precisam melhorar a visão que tem. Eu gostei muito da resenha e me interessei bastante, já havia visto outros livros dela, mas nunca cheguei a comprar. Vou procurar esse pra dar uma lida, parece ser muito bom.

    Love, Camie

  5. Exatamente, para que mais pessoas percebam que o machismo está inclusive em coisas do cotidiano e denominadas pequenas, mas que geram grandes consequências.

    Muito obrigada, leia mesmo, vale super a pena <3
    Beijos da Pinguim

  6. Eu li apenas o Sejamos todos feministas, mas quero muito ler esses outros dois que você leu, a escrita dela já me conquistou.

    AAAA, muito obrigada mesmo, realmente me incentiva demais ouvir essas coisas <3

    Espero que goste, o que acho que irá.
    Beijos da Pinguim

  7. Simmm, por isso esse livro é tão necessário, quando dizemos que somos feministas somos julgadas e estereotipadas, e não deveria. A nossa luta é mais do que valida e não devemos nos envergonhar.

    Sobre o teu relato: é como se a gente não tivesse dinheiro ou independência para pagar a conta sozinha. Um absurdo!

    Beijos da Pinguim

  8. Ela é demais! Acredita que ainda não assisti o discurso dela ainda? Mas pretendo e preciso. Exatamente isso que você disse: "é um óbvio que precisa ser dito". Não conhecia, mas vou correndo acrescentar na minha meta de leitura, pois a partir de agora leio tudo dela <3

    Beijos da Pinguim

  9. Eu fiquei me perguntando porque de não ter lido antes, a autora é incrível demais, certeza que irei ler os livros dela assim que possível. Já leu outros?

    Toda a forma dela de expor o machismo é tão real e fenomenal. AAAAH, muito obrigada, esse elogio vindo de ti, é muito especial <3

    Beijo da Pinguim.

  10. Esse livro parece muito interessante e essencial para todos lerem o "machismo nosso" de todo dia machismo que sofremos e continuamos a espalhar pelos quatro cantos…resenha incrível vou procurar esse livro bjs

  11. Esse livro é realmente incrível, e concordo com você quanto ao fato de ser leitura obrigatória, principalmente para as pessoas que insistem em opinar sobre feminismo sem entender. Eu me declaro feminista abertamente e muitas pessoas (que sequer me conhecem) me julgam e me criticam por isso, mas eu não me importo, pois eu sei pelo que devemos lutar. Eu tento ultrapassar as barreiras do machismo frequentemente, pois são nas situações cotidianas que ele aparece e devemos nos impor quanto a isso. Um exemplo simples, parecido com o que você citou: em certas ocasiões, quando saí para jantar acompanhada, cheguei a pagar a conta sozinha, e o olhar de espanto é algo que me surpreende sempre (por que um homem pode pagar a conta sozinha e uma mulher não? qual a diferença?)…

    http://lenabattisti.blogspot.com.br/

  12. Chimamanda é amor né? Quando eu assisti a esse discurso dela pela primeira vez eu literalmente APLAUDI daqui de casa, e todas as outras vezes foram iguais. E o livro a mesma coisa, é um "óbvio que precisa ser dito" que faz chorar de tão maravilhoso.
    Você viu o manifesto dela Para Educar Crianças Feministas? Saiu nessa versão de livrinho também e é tão brilhante quanto!

  13. AHHH! Sou apaixonada por esse livro e pela autora. Ela é magnífica! Fico muito feliz em ver resenhas positivas a respeito dessa obra, porque ela TEM que ser divulgada para o mundo.

    Infelizmente, ainda passamos (nós, mulheres) por muita merda nessa sociedade e o livro consegue apontar tudo isso de maneira fenomenal.

    Adorei a resenha e os quotes. ❤

    Beijão,
    Attraversiamo.

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