Paper Girls Vol. 1 | A arte de não conseguir parar de ler

Contando com um escritor de peso, uma vez que Brian K. Vaughan escreveu SAGA e Y – O Último Homem, e um artista muito talentoso, que desenhou para Mulher Maravilha nos Novos 52, Paper Girls nos apresenta uma história cativante e incrível de ficção científica com direito a viagem no tempo, dragões e um mistério de nos corroer até os ossos de tanta curiosidade. Não é a toa que ganhou dois prêmios Eisner, o Oscar dos quadrinhos, como Melhor Nova Série e Melhor desenho/cores. É certo que essas entregadoras de jornais irão levar você à uma aventura espetacular. Prontos? Se não, então preparem-se.

Mas, antes, vamos a sinopse?

Nas primeiras horas a seguir ao Halloween de 1988, quatro distribuidoras de jornais, descobrem a mais importante história de todos os tempos. Nesta série, de êxito estrondoso, sobre nostalgia, primeiros empregos e os últimos dias de infância, colidem o drama suburbano e os mistérios sobrenaturais.

O Volume 1 de Paper Girls conta com 5 edições, mas o quadrinho possui atualmente com 3 Volumes. A primeira coisa que chama a atenção quando começamos a ler é a beleza visual, os traços e cores são excecionalmente lindos, os cenários são ricos em detalhes e apesar do rosto das personagens ser menos detalhado, temos uma compensação por parte das feições, vemos as expressões das personagens e sentimos um realismo, as emoções e sensações delas foram bem capturadas e demonstradas. Há vida nelas. E, isso, já não nos deixa desgrudar os olhos.

Ainda falando da arte, meus parabéns ao Cliff Chiang e ao Matt Wilson por criarem muito bem o ambiente e cenário, além da perfeita utilização de cores e contrastes em que propiciam para nós leitores a representação, muitas vezes, das sensações que a cena requer. Inclusive, as cores caracterizam muito bem o clima pós-apocalíptico. E os traços e desenhos trouxeram sensação de movimento, em diversas situações, isso nos causa apreensão e gera um baita suspensePinguim impressionada demais!
Como a história se passa em 1988, não poderia ficar de fora as referências daquela época, por meio disso temos ainda mais ambientalização e contexto para a história, além é claro de divertimento. Quem não gosta de umas boas referências, não é mesmo? 
Algo muito interessante é que a obra aborda questões sobre a desigualdade de gênero, que se ainda existe atualmente, imagina na época em que a história se passa e também vemos uma pincelada de leve na guerra fria que ainda estava acontecendo naquele período. Mas, uma ressalva, teve um xingamento utilizando termo homofóbico e uma reação ruim da mesma personagem quando descobre sobre o namorado de outro. Uma pena, pois não utilizaram isso como uma crítica.

Lembra que a Pinguim disse para se preparar, então, é porque a HQ já começa com tiro, porrada e bomba, não literalmente, vocês entenderam, a história se inicia de uma maneira incrível. E, continua com o mesmo nível de qualidade, inclusive, consegue melhorar mais. Somos apresentados as personagens e logo de cara já sentimos que iremos gostar delas, pois não só possuem personalidade forte, como características únicas que em conjunto se destacam ainda mais. Durante toda a leitura ficamos com aquele gostinho de quero mais, com uma sede por respostas e uma vontade imensa de devorar o mais rápido possível o volume e quando ele acaba temos certeza de que precisamos começar o próximo.
Observação da Pinguim: Não conseguia parar de ler, foi um atrás do outro, juro! Sou curiosa por natureza, aí ficam dando corda para isso, não consigo deixar para lá. Na grande maioria das vezes aspiro a ser um Pinguim Sherlock

A Erin, a garota nova do grupo, tem uma sagacidade impressionante, Tiffany possui uma inteligência de se admirar, KJ é carregada em bravura e até mesmo em um humor que nos diverte e Mac é simplesmente durona e uma das que mais tem personalidade forte.

São qualidades comuns, no que diz respeito ao quão próximo da realidade são, a gente conhece pessoas como elas, somos também essas pessoas, isso nos leva a projetar nós mesmos em cada uma, em todas ou até mesmo em uma só. Mas, a verdade é que a gente as identifica como pessoas que toparíamos na rua, que faríamos amizade, que inclusive, nos remete a amizades que temos.

E, sem dúvidas, é um ponto bem importante para a história, pois está sendo apresentado o que irá acontecer com aquele grupo de meninas, que não são super amigas, mas que se unem para evitar o perigo de ser garota/mulher em uma sociedade bem machista e que passam a se unir, ainda mais, quando eventos bizarros acontecem naquela madrugada de Halloween, que era para ser apenas mais uma rotina de trabalho, mas que se revela a noite mais doida e bizarra de suas vidas.

Na hora de roteirizar Brian pensou “se não for para destruir as pessoas, então nem quero” porque, meu deus, ele mexe com umas cenas pesadas em carga emocional, acredito que é para causar um choque na gente, é bem inesperado, tu não está prevendo aquilo e do nada lida com isso aí, segura essa barra! Sei lidar não, meu emocional se abala, mas amo, não nego. Temos, então, climas bem tensos, além de todo o cenário que a cidade está passando, vemos o quanto isso está influenciando as pessoas e o quanto elas estão confusas e querendo saber o que está acontecendo, assim como nós.

“É capaz da gente usar todas as árvores do planeta, aí, daqui uns anos, todo mundo só vai saber das notícias pela TV.” || Mac

Já deixo avisado, quanto mais tentamos entender e descobrir o que significa os eventos bizarros, mais ficamos confusos, mais vai aparecendo novos questionamentos, temos revelações, mas elas se mostram apenas peças de um quebra cabeça muito maior que as nossas protagonistas ainda não descobriram, mas irão e ansiamos por isso. 
A cada final de edição, os acontecimentos que irão encerrá-la ficam em aberto, temos um evento estarrecedor que vai ficar na nossa mente, nos cutucando, nos instigando a saber no que aquilo vai dar e só lendo o próximo para saciar essa inquietação, por um momento, porque, como dito, novas coisas surgem. 

Nota interessante: Ficção científica e viagem no tempo em Paper Girls. Se eu, a doida de Doctor Who, amou? Acredito que vocês já sabem a resposta.

Temos em Paper Girls, uma verdadeira aventura adolescente, bastante nostálgica, recheada de elementos que amamos na ficção científica e personagens femininas com personalidades fortes #GoGirl. Terminamos o primeiro volume com aquela vontade de, em seguida, ler o próximo. E, não é isso o que queremos ao consumir qualquer conteúdo? Ficar com aquela ansiedade em continuar, em gostar e entrar tão dentro daquele universo, que não quer que ele chegue ao fim, mas ao mesmo tempo não quer parar de ler até acabar? Então, Paper Girl se encaixa perfeitamente nesse papel. Tanto em beleza na arte quanto em um roteiro com conteúdo incrível, a HQ se sobressai e ainda deixa seu leitor desesperado por mais. Se não leu, não perde tempo, vai ler logo e entrar nessa aventura única com as entregadoras de jornal mais incríveis da Terra.
Então, essa maravilhosa HQ merece:

(5 de 5 pinguins)
Já virei fã, certamente, assim que acabar esse post estarei lendo o próximo volume e volto para contar para vocês, tagarelas, como foi a experiência. Aguardem, nesse mesmo batlocal. 
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Mais uma observação: Juro que é a última, na verdade é mais um alerta mesmo, coisas sinistras podem acontecer no Halloween, então, cuidado!

Gostou? Compre através desse link e ajude a Pinguim Tagarela.
Até a próxima tagarelice e lembrem-se as constelações e tudo no céu parecem mais destacados quando na superfície tudo tá um breu total.

13 Replies to “Paper Girls Vol. 1 | A arte de não conseguir parar de ler”

  1. Também achei meio fraca a sinopse, não chega nem perto de despertar o quão interessante a história da HQ é.

    Tenho amado cada vez mais ler/assistir coisas que se passam nessa época e nesse ano. Fizeram um trabalho e tanto, bem ambientalizado mesmo!

    Muito obrigada, fico feliz que a resenha tenha empolgado!

  2. Foi eu mesma, tô espalhando a palavra de Paper Girls hahahaa
    Sabe quando você está lendo e tá tudo indo bem, mas aí se depara com um termo bem homofóbico, foi bem decepcionante. Não sabia disso, mas vou ficar mais atenta nos próximos volumes, seria bom se isso fosse verdade, né?

    As cores são maravilhosas demais.
    Beijos da Pinguim

  3. Eu tenho amado cada vez mais esse gênero, inclusive se tiver indicação de livros, hqs, filmes de ficção científica, tô sempre aceitando!

    Paper Girls me chamou muito a atenção e durante a leitura me surpreendi demais com a qualidade. Verdade, eu também queria as roupas delas ahahahah

    Beijos da Pinguim!

  4. Oi Pinguim! Tu me ganhou quando eu li "viagem no tempo", mas fui lendo a resenha até o final e parece uma obra simplesmente incrível! Legal retratar a transição infância – vida adulta em um ambiente tão diferenciado, e também acho suuper legal termos a chance de ler ficção científica protagonizada por mulheres. Parece ser uma obra bem instigante!

  5. Menina quanta empolgação em uma resenha, vc acredita que fui contagiada por ela? Com certeza incentivos não faltam para começar a ler essa HQ e como estou iniciando nesse universo vou colocar na lista. Parabens pela resenha, bye

  6. Sério, sou apaixonada por essa HQ há um booom tempo!! Ela é muito linda MESMO! Olha só essa arte, como não se apaixonar? E agora que eu soube que a história tem uma qualidade de discutir assuntos pertinentes à época, me interessei ainda mais.
    Ótima resenha Dio! Beijinhos

    Peixinho Geek.

  7. A sinopse não ajuda pra comprar. Poderiam ter dado um tapa melhor aí.

    E 1988 vai mitando, baita ano viu. Gostei desse estilo visual da HQ bate legal pra unir com o tom da época e suas referências.

    Honestamente a história não meu deu um estalo, maaaas, essa parte de massacre chamou minha atenção. O texto deixa um e m p o l g o u xD

    Armadura Nerd

  8. Foi você que me indicou Paper Girls lá no Blogueiros Geeks, não foi? Eu dei uma pesquisada e adorei, tô louco pra ler, ainda mais depois dessa resenha. A única coisa que me incomodou foi isso desse termo homofóbico, inclusive fui pesquisar e muita gente também achou bem bosta isso. Parece que o Bria Vaughan falou sobre isso e explicou o porque usou, e que nas edições mais a frente uma das personagens é chamada a atenção por isso. Eu não faço ideia se é verdade, mas espero que sim, não quero ler algo com esse tipo de preconceito. Vou arriscar já que parece interessantíssimo e amei as cores. KKK

    xoxo http://www.sextadimensao.com/

  9. Eu tô numa fase de ficção cientifica, gostei muito do estilo dos quadrinhos e a história dá vontade de ler, é bem diferente dos quadrinhos que a gente lê geralmente. Além de tudo, as meninas são super estilosas, queria as roupas delas pra mim kkk

    Talo de Maçã
    Fanpage

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