Nimona | É uma história com duras críticas disfarçada de cômica

Publicada pela editora HarperCollins e no Brasil pela Intrínseca, Nimona é uma graphic novel de literatura fantástica, escrita e ilustrada pela Noelle Stevenson, mas sobretudo é uma história que vai te conquistar pela simplicidade em abordar os acontecimentos, além de ao mesmo tempo revelar toda a complexidade de seus personagens.Com apenas 272 páginas, que em uma só sentada a leitura flui todinha, o quadrinho consegue ser cômico, divertido e despretensioso, mas que se revela também uma narrativa grandiosa, que questiona o que é ser vilão, o que é ser mocinho e principalmente quantas vezes isso é apenas um papel que uma corporação maior precisa que desempenhem para ela se manter no poder. Consegue ver, todo o peso que Nimona tem?

Sinopse: 

Nimona é uma metamorfa sem limites nem papas na língua, cujo maior sonho é ser comparsa de Lorde Ballister Coração-Negro, o maior vilão que já existiu. Mas ela não sabia que seu herói possuía escrúpulos. Menos ainda uma deliberada missão. Até conhecer Nimona, Ballister fazia planos que jamais davam certo. Felizmente, a garota tem muitas sugestões para reverter esse quadro. Infelizmente, a maioria envolve explosões, sangue e mortes. Agora, Coração-Negro não só tem que enfrentar seu arqui-inimigo e ex-amigo, o célebre e heroico Sir Ambrosius Ouropelvis, mas também impedir que a fiel comparsa destrua todo o reino ao tentar ajudá-lo. Uma história subversiva e irreverente que mistura magia, ciência, ação e muito humor sobre camadas e mais camadas de reflexão – entre uma batalha e outra, é claro.

Há muito o que exaltar nessa HQ, que foi inicialmente publicada no formato de Webcomic, mas quero começar elogiando a incrível qualidade das ilustrações, elas são bem coloridas, com bem pouco cenário, mas com bastante detalhes em seus personagens, que é o foco da trama, tratar sobre eles, com uso de iluminação, através de luz e sombra os traços de Noelle ganham vida, os torna mais próximo do real. Além de outros efeitos, como a sépia para relatos do passado, situando assim, seus leitores na linha temporal. Outra coisa que quero destacar é a genialidade em retrata uma fantasia medieval altamente tecnológica, podemos já perceber, logo de cara, que a história vai agregar vários elementos cômicos e mostrar seu lado engraçadinho, descontraído. Além, é claro, de renovar um gênero que querendo ou não possui seus esteriótipos, tudo isso traz também uma proximidade entre aquela realidade com a nossa.
Nossa personagem principal não tem papas na língua, ela fala demais, tem suas tiradinhas e possui uma acidez em suas declarações. Nimona, a metamorfa, é dotada de um poder não só incrível, como, de fato, muito grandioso. Ela pode ir de um gatinho fofo a um dragão gospidor de fogo em instantes. Não é apenas seu poder que é forte, não, a garotinha possui uma personalidade igualmente forte. O que a torna incrível e desde sua aparição no primeiro quadrinho, a gente já sente o impacto, começamo a simpatizar com a anti-heroína da história. Nimona é malvada, mas não bem de um jeito pesado, é mais de uma forma cômica mesmo, com carisma, ela quer o caos e vemos isso desde o início, mas ela é também uma criança em busca de aventura, a característica infantil é algo que a acompanha, ela tem o jeito criança de ser, daquele que tanto conhecemos, que tem até certa forma uma leve inocência. Então, é certeza que em algum momento ela irá te lembrar das vilãs/vilões que apareciam nos desenhos da tua infância, acontece a mágica da nostalgia.
Já o nosso “vilão”, assim como Nimona é bem humanizado, na verdade todos os personagens do núcleo principal são, vemos nele a figura de alguém que quer vingança, que quer que as pessoas descubram as verdades e que tem seu próprio código de conduta, suas próprias regras para ser um vilão, que por vezes, descobrimos optar por ser mais responsável. Ballister Blackheart tem medos, limitações, defeitos e viveu coisas ruins, assim como todos nós. Vemos a faceta de um vilão que se apega a sua parceira de vilania, que dali gera uma grande amizade, por vezes até uma relação paterna, vemos preocupação, vemos os dois assistindo a um filme em casa. É uma humanização enorme. 
Temos o que chamamos de “mocinho”, Ambrosius Goldenloin trabalha para a Instituição de Heroismo e Manutenção da Ordem, mas que se revela alguém nem tão passível de ser admirado, bem no comecinho. Vocês devem ter notado que a Pinguim usou aspas ao citar vilão e mocinho, pois a autora da graphic novel é muito inteligente ao ir construindo ao longo da história os esteriótipos comuns desses tipos de personagem, somente para depois desconstruí-los. E nisso temos muitas surpresas, que claramente não serão citadas aqui,  surge então uma profundidade muito maior do que esperávamos em uma história que começa fazendo gracinha, mas que se revela capaz de questionar muitas coisas. E que pode se mostrar, inclusive, bem política com suas duras críticas ao preconceito social, ao militarismo, cujo suas figuras de autoridade costumam, muitas vezes, enxergar as pessoas como possíveis armas e que reprime todos aqueles que tentam se opor a alguma ordem, gerando a imagem de terrorista, que não vamos nos enganar, é bem da nossa atualidade isso.
O que torna Nimona fácil de nos conquistar é a humanidade que existe por trás de todos eles, é que percebemos que assim como muitos de nós, os personagens, principalmente Ballister e nossa Metamorfa, carregam o peso de uma imagem que não os diz respeito, que não refletem quem eles são. Temos muito em comum com eles, pois também estamos, de certa forma, algumas vezes interpretando os papéis que a sociedade determina para nós, sem nem perceber. Nimona é sobre isso e é lindo de ver que é escrito e ilustrado por uma mulher talentosa que trouxe um protagonismo poderoso e que conseguiu fugir da temática estereotipada de gênero. O final, meus tagarelas, para a alegria da nação dos amantes de boas histórias deixou alguns ganchos, eu ia dizer pontas soltas, mas tem mais cara de uma história que vai ter uma continuação. Só vem Nimona Volume 2.

Sabe o mais legal? Vocês podem ler os primeiros capítulos aqui.

Chegou o grande momento, alguém se arrisca a dizer quantos pinguins Nimona levou?
(5 de 5 pinguins, é claro)
Tagarelem comigo, a temática dessa graphic novel atraiu vocês? Já conheciam? A Pinguim tem um pedido bem especial, indiquem aqui nos comentários mais HQ’s, por favor. Grata!
Lembrando que se você quiser comprar o quadrinho, compre através do nosso link de associados na Amazon, assim você estará ajudando a gente a crescer e com o grande bônus de não pagar a mais por isso, tá vendo, é só vantagem. Combinado?
Confira as redes sociais da Pinguim (mais vilanesca) e Tagarela das redes sociais:
Até a próxima tagarelice e lembrem-se vilões e mocinhos são apenas questão de opinião, na verdade, perspectiva.

24 Replies to “Nimona | É uma história com duras críticas disfarçada de cômica”

  1. Lu, eu te vejo amando essa HQ, sério. É muito a tua cara <3

    É uma boa forma de se desafiar, se não tem costume, ou não gosta muito. É sempre uma maneira de se descobrir, vai que acaba pegando o gosto da coisa né?

    Espero que dê uma chance, pois tenho certeza que vai se tornar uma das tuas favotitas também. Eu tenho apreciado bem mais a história pelo ponto de vista do "vilão".

    Muito obrigada <3

  2. Cinco pinguins? Deve ser ótima hehe. Eu já ouvi muitos booktubers falando nessa HQ e, embora eu não goste muito desse tipo de leitura, acabei me interessante. Não sabia como eram as ilustrações, mas as achei lindinhas *-* É mais um livro para adicionar na minha wishlist. Adoro ver a história pelo ponto de vista do "vilão".

    A resenha ficou ótima, bem detalhada e completa 🙂

  3. Eu sei como é, bem cara, né? Chega a doer nosso core, tem várias que quero ler que não tenho condições de pagar também. É sofrido!

    AAAAA, muito obrigada, ler isso me deixa com ainda mais vontade de resenhar e de melhorar cada vez mais o conteúdo <3
    Beijos

  4. Oii, acho que grande parte da nossa infância se deu lendo gibi da Mônica, né? Eu adorava também. Isso foi o que mais me fez gostar de Nimona porque ultimamente tenho preferido personagens mais complexos, mais humanos, não acredito que tudo seja preto no branco e pronto. A gente é humano, acertamos e erramos.

    Amei teu comentário, expressa muito bem o que eu penso <3

  5. Oii, eu também, acredito que esse toque de mostrar o quanto aquilo tem algo pra nos ensinar é fundamental. Eu comecei não faz muito tempo também, mas me apaixonei e viciei de um jeito <3

    Beijos, corujinha <3

  6. Oii, eu tô bem feliz que você queira minha indicação, antes quero te fazer umas perguntas, vai facilitar pra mim te indicar, então: Qual heroi tu mais tem vontade de ler? E por quê? Isso é bem importante porque existe herois com vários arcos e sabe mais ou menos sobre o que tu mais gosta no heroi ou heroína, vai apontar qual arco mais ou menos aborda esses aspectos e tal.

    Vai ler Nimona? Os primeiros capítulos são bem instigantes, né?
    É uma dica muito boa, dá pra aprender inglês se divertindo, né?

    Beijos

  7. Oii, é muito bom saber que meu texto conseguiu te passar uma sensação boa, que é lembrar uma fase tão importante, como a infância. É a parte que mais adoro sabia, poder compartilhar o quanto a arte acrescenta muito na minha vida e o quanto eu sou apaixonada por ela.

    Mais interessante e mais próximo da realidade, né? <3

    Muito obrigada, beijos.

  8. Eu só tenho a dizer que vale muito a pena <3 É uma HQ extremamente incrível. É muito bom poder ter esse tipo de representatividade, né? Ainda mais quando sabemos que tão pouco espaço nos é dado.

    Muito obrigada, fico imensamente feliz em saber isso e depois que ler quero ver resenha tua, viu?

    Beijos

  9. Eu me apaixonei pela história e pelos personagens, não lembro qual foi a primeira vez que vi ou quem indicou, mas vi em vários lugares e todo mundo falava bem, que a curiosidade e vontade foram tão grandes e não me arrependo também, uma das minhas histórias preferidas.

    Eu quero muito Além dos Trilhos também, parece ser bem boa. O complicado é ter os $$$, mas quando der quero ter ela também.

    Beijos

  10. Oie! Confesso que nunca li HQs, a não ser que as da mônica que lia quando criança contem, rs. Mas adorei a temática dessa que você mencionou e fiquei até curiosa pela história e pelos personagens. Adorei saber que os esterótipos de bem e mal, mocinho e vilão, são desconstruídos aos pouquinhos. Nunca gostei muito daqueles heróis, seja em filmes ou em livros, que são completamente bons e perfeitos. Porque, pra começa de conversa, nunca somos completamente bons, nem completamente ruins, às vezes só somos o que precisamos ser ou que o momento exige que sejamos. Nem tudo é tão preto no branco. E adoro personagens complexos, com qualidades, defeitos e, para todos os efeitos, humanos.
    Beijos, adorei a resenha.

  11. Oi, tudo bem? Que resenha mais incrível. Uma das características que mais valorizo quando leio uma resenha é perceber o quanto a história pode nos agregar, nos ensinar, e influenciar nossa forma de pensar. Nunca fui muito de ler HQs, somente quando era criança, mas eram aqueles mais bobinhos então nem lembro mais (risos). Atualmente tem alguns autores investindo nessa área e produzindo trabalhos incríveis. Com certeza vale a pena conhecer. Beijos da corujinha, Érika =^.^=

  12. Eu amei sua resenha fiquei muito curiosa com a graphic novel de Nimona…Não estou muito familiarizada com as graphics novel existentes mas percebi que essa é sucesso…Eu amo essa temática de empoderamento feminino e Girl Power arrasou bjs

  13. Fazem anos que eu estou ensaiando para começar ler as comics da DC. Acho que você entende melhor, então lá vai: por onde eu começo? rs.
    Eu nunca li nenhuma comic, salvo por turma da Mônica. Porém, essa história me atraiu, principalmente porque você não revelou a desconstrução dos personagens 🙁
    Fiquei curiosa, e já abri o primeiro capítulo aqui rs. Também acho que seria uma boa forma de treinar inglês, já que é um comic.
    Obrigada pela dica!

    Beijo,
    http://nitente.com

  14. Oiii, eu lia HQ quando eu era criança. Teu post me trouxe uma nostalgia boa. Achei interessante que você não está apenas falando sobre a HQ mas também compartilhando com a gente o que você aprendeu. Realmente a gente julga muito pela capa, parece que tudo o que temos é imagem. Achei atrativo o vilão ter escrúpulos. Acho que torna a trama interessante. Parabéns pela resenha. Beijo

    http://www.verdadeescrita.com

  15. Ahh tem tempos que eu que eu quero essa HQ, só vejo elogios por ela! Sua resenha conseguiu me fazer desejar – mais – essa leitura!
    Gosto tanto de histórias que nos fazem ver além do que está escrito e, especialmente, que refutam estereótipos da sociedade.
    É uma delícia ter sido escrito e desenhado por uma mulher e a protagonista ser uma menina tão complexa e bem construída! <3
    Sua resenha também foi nota 5/5 e me fez colocar Nimona no topo de prioridades para compra! <3
    xoxo

  16. Aaah eu adoro Nimona! Lembro que assim que bati os olhos na capa e li a sinopse, eu fiquei super curiosa e motivada a ter o livro e não me arrependi nem um tiquinho. Foi muito bom relembrar um pouco da história através do seu post 🙂

    Esse mês eu estava desejando comprar a HQ Além dos trilhos, mas acho que vou ter que esperar mais um pouco até tê-las em mãos (meu coraçãozinho haverá de aguentar mais um pouco. rs).

    Abraços!

    http://www.blogtwee.com

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