Magnus Chase e a Espada do verão | A representatividade e a importância da amizade


Para aqueles que não leram, pois acreditavam que história ia ser extremamente igual a Percy Jackson, se deram muito mal e perderam uma história incrível que se aprofunda bastante na mitologia nórdica. Meu conselho? Larga dessa ideia e leia, se tem uma coisa que devemos aprender é a não criar conceitos e opiniões antes de conhecer. 

Recado dado, então que tal agora conhecer um pouco sobre? Prometo que explico mais adiante as semelhanças, diferenças e o porquê disso. 

“A espada do verão” conta a historia de Magnus Chase, que após a morte de sua mãe passa a morar na rua, e tem que entrar num jogo de cintura pra sobreviver. Porém quando reencontra seu tio Randolph, vê sua vida mudar ao descobrir que é filho de um deus nórdico e que precisa impedir o Ragnarok



Desde o momento que fiquei sabendo que mais um livro de mitologia do Rick seria lançado não só fiquei ansiosa como feliz, pois se tem uma coisa em que ele é bom, isso é escrever mitologia e mais uma vez se pode provar isso. Confesso que sobre a nórdica eu não conhecia muito além do básico, o que despertou ainda mais interesse em mim. Então conforme Magnus vai descobrindo este novo mundo que se abre diante dele, assim ocorreu com a pinguim. Foi uma descoberta e este universo foi tomando conta! 

A história é gradual e aprofundada dentro dessa mitologia, sendo muito bem explicado cada elemento abordado. A escrita é divertida, com diálogos dinâmicos e interativos com o leitor, assim se faz todo o enredo. Possui várias referências dos mais diversos meios de entretenimento (como jogos, livros, filmes, HQs, séries e até mesmo de “Herois do Olimpo“) que é uma das coisas que permite que esta leitura seja gostosa de ser lida, sem contar os títulos dos capítulos que trazem descontração (quem já leu outros do Rick, sabe como é!


Para compreender uma das coisas que tornam “A espada do verão” importante e a qualifica para que seja recomendada a todos será necessário falar dos seus personagens principais, pois deles vem elementos diferenciados que constroem e sustentam a trama. São eles quatro e cada um tem sua importância.

Magnus Chase aquele que dá nome ao livro, não se considera um heroi, mas também não se limita a isso, ele faz o que precisa ser feito e assim acaba se superando. Pode-se dizer que facilmente gostamos dele, pois possui um sarcasmo na ponta da língua e no pensamento que nem ele mesmo escapa e junto disso há uma pitada forte de humor. Além disso, podemos acrescentar o apreço dele pela leitura, mas o ponto principal que nos leva a gostar de Chase é a forma com que interage conosco, como se fôssemos parte da história, a sensação que isso transmite é de amizade. A verdade é que o carisma vem do fato deles ser o Kurt Cobain, brincadeira gente! Mas é parecido, né?Admitam! Mas, deixando de lado a brincadeira e continuando, o nosso protagonista é morador de rua, não tem uma vida fácil ou simples e o que o levou a isso é de certa forma comovente, mas em nenhum momento o vemos como coitado, pois a esperteza e o atrevimento são bem presentes em sua personalidade. Os poderes e habilidades que possui são impressionantes e tão bem desenvolvimentos que claramente nota-se que faz parte e completa quem ele é. E isso é incrível!

“Porque gosto de você, Magnus. Você tem senso de humor. Tem vida. É tao raro em um semideus!”
– Locki sobre Magnus


Hearthstone é um elfo surdo-mudo muito sábio adepto da magia e que carrega consigo uma certa tristeza. Sendo tocante quando nos é apresentado as suas emoções sombrias, que o sugam a vontade de viver, mas ao ler no contexto todo que é inserido torna muito difícil não acontecer uma forte empatia. Mas de novo, ele se destaca por não deixar essas coisas o derrubarem, Hearth poderia simplesmente desistir, pois ele carrega um peso enorme, mas não o vemos fazendo isso, pelo contrario vemos a sua superação, sua dedicação com a magia e o seu crescimento se desenvolvendo. E isso é inspirador demais. Além de que em vários momentos ele se doa pelo grupo utilizando todas suas habilidades mágicas que requerem muita energia e em inúmeras vezes isso o esgota, porém esse elfo continua fazendo pelo o que acredita e muito mais que isso pelas pessoas que se importa.

A magia possui enorme significado em sua vida e isso faz com que ele a domine e busque aperfeiçoa-lá mais. Sem dúvidas Hearth é um dos personagens incríveis e com enorme relevância para o grupo, sendo ele parte imprescindível tanto pra historia quanto pra nós.

“Só pessoas que vivenciaram uma dor muito grande têm a capacidade de aprender magia.”
– Sobre Hearthstone


Blitzen é um anão negro que tem muito conhecimento sobre moda, possui um sonho ligado a isso, e mesmo que tenha dificuldades e surjam preconceitos, com apoio de seus amigos vai atrás de realizá-lo. E isso faz dele alguém incrível também, vemos ele lutando contra um certo padrão anão, tendo habilidades diferentes do seu povo e mesmo assim se aceitando. Essas habilidades dele são super úteis e os ajuda em determinados momentos, sendo ele vital ao grupo e a missão. Uma das características que o destacam é o seu bom coração, importando-se com seus amigos e sendo muito bondoso. Blitzen é um exemplo a ser seguido pela sua equipe e acima de tudo tem muito a nos ensinar.

E por último, mas não menos importante, temos: Samirah que é muçulmana, escolhida pelo próprio Odin para ser valquíria. Ela é uma personagem feminina muito forte, extremamente independe que faz aquilo que acredita ser certo, sempre com muita coragem e bravura. E com isso, já podemos ter a total certeza de que seu papel na equipe é tão importante quanto necessário e compreendemos o porquê de ser a escolha de Odin. Sam constantemente durante a história luta contra a imagem que as pessoas tem dela e que não representam quem ela é. E quebra essa associação que fazem do caráter dela com o de seu pai, nos mostrando que independente de quem for nossa família, isso não nos define e que ninguém pode determinar quem somos. E nem preciso dizer o quanto essa personagem ganhou a admiração da pinguim por inspirar e ser uma personagem que possamos nos sentir representadas. Sam é a peça importante que completa e traz ainda mais sentido a equipe e sem ela não haveria uma.




Então, “A espada do verão” é uma obra que através de seus personagens consegue retratar questões sérias que precisam ser discutidas, abordadas e refletidas mesmo quando o palco da história é a fantasia. Por isso, recomendo que todos leiam o mais rápido possível, pois como podemos ver a trama traz representatividade com seus protagonistas, pessoas que passaram por situações complicadas e buscaram superar a si e as dificuldades presente em suas vidas. E conseguiram sendo inspiração a quem lê. Algo que também deve ser destacado são as diferenças que os personagens tem entre si, mas que não os impediram de trabalharem juntos e acima de tudo serem amigos. Esse livro possui um certo nível cultural, onde o preconceito é bem retratado e o mais importante demonstra os personagens rompendo e vencendo eles, mostra o combate de cada um contra o preconceito que os cerca e quanto a união, o apoio da amizade deles os fortalece

Não posso deixar de citar a quebra de estereótipo que vimos anteriormente pelo Blitzen, mas que também houve pelo autor ao retratar o Thor um pouco diferente do que conhecemos através da cultura pop, ao invés de ser caracterizado como bonitão em “A espada do verão” ele é caracterizado como um ogro. Isso é algo interessante e incrível de abordar o assunto, não acham?

Leia os dois primeiros capítulos liberados: Magnus Chase | Gostinho de quero mais


Chegamos naquele momento explicação das semelhanças e diferenças entre a saga de Percy Jackson e o primeiro livro de Magnus Chase, um dos primeiros pontos a se considerar é que ambos possuem histórias com contexto e personagens diferentes, sem contar que as mitologias possuem por si só particularidades sendo estas evidenciadas em seus deuses e cultura própria. Dito isso, existe sim semelhanças, porém estas são observadas em detalhes simples e sutis. E digo mais, são importantes para ambas as histórias, cumprindo o propósito que o Rick expressa em seu universo mitológico, que é a conexão entre a mitologia de um mundo a outro. Particularmente, a pinguim acha isso genial, pois nos mostra que as histórias acontecem simultaneamente e consequentemente fazem parte de um mesmo universo, mesmo sendo mundos distintos. Um bom exemplo disso, é a névoa que se faz presente em Percy Jackson,  Magnus Chase e também nas Crônicas dos Kane realizando então essa ligação de uma trama com a outra. Além de que a névoa também nos permite ligarmos essas histórias com a nossa realidade, pois a forma como esta é contextualizada revela um sentido para sua existência dentro do nosso cotidiano.


Outra forma de perceber o quanto o autor brinca com a ficção e a realidade é ao empregar o uso da ideia do destino em seus livros, devido a  forma como a manipula e atribui significados, principalmente em “A espada do verão“, onde isso é fortíssimo e há de certa forma até uma crítica, que podemos ver quando Magnus, inúmeras vezes, durante a história contesta o seu destino, nos mostrando que as coisas não são pré-definidas e que nós fazemos nosso próprio destino através das nossas escolhas.  Portanto, é espetacular, ao mesmo tempo que existem semelhanças, existem também várias circunstâncias em que podemos aplicar estes elementos, e assim ganhar novos sentidos sem perder algo trivial para o autor que é englobar vários mundos a um só universo, incluindo o nosso.

Assim como todo o desenvolvimento da história o final não deixa de brincar, de ter um caráter divertido, mas também traz uma carga emotiva forte, mostrando então seu lado dramático. Portanto, o final proporciona aquela sensação boa de presenciar algo incrível acontecendo, o encerramento que o livro merecia e que reserva para o próximo toda uma gama de leitores. Enfim, “A espada do verão” é aquela obra divertida de ler por conter fantasia e aventura, mas que não deixa de abordar questões importantes, trazer representatividade e nos propiciar ensinamentos que podemos aplicar em nossas vidas.

E levantando em conta tudo isso, a nota é:
(5 de 5 pinguinzinhos)

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Só lembrando que o próximo livro chamado “O martelo de Thor” tem lançamento para Outubro de 2016.


Então, o que acharam da história e seus elementos? Já conheciam? Querem ler? Tagarelem comigo nos comentários. Ah, se gostou compartilhe para que mais amantes da literatura tenham acesso. 

 Até a próxima tagarelice!!

22 Replies to “Magnus Chase e a Espada do verão | A representatividade e a importância da amizade”

  1. Nossa, é tipo incrível demais o seu elogio, levou o meu humor lá no alto. Tô super feliz <3

    Sou apaixonada por Percy Jackson e estou super feliz de conhecer alguém que também gosta! Resenha literária é tudo de bom, amo, posso me juntar e defendê-las também?

    Meus olhos brilharam com a representatividade e me ganhou completamente. Sei como é, perfeccionista aqui também hahaha
    Corre mesmo, certeza que você vai amar ambos!

    Muito obrigada, Iza lindona <3
    Beijãao

  2. Não acredito que o segundo livro já vai ser lançado e eu não consegui ler esse ainda. :/
    Mas não é esse o assunto do post. rsrs
    Sou extremamente fã de Percy Jackson, e acho que o tio Rick é um dos melhores autores que conheço. Como você disse, ele escreve uma história de fantasia que carrega tanta coisa real, tanta coisa importante! Os temas "polêmicos" ficam implícitos na história, mas de modo algum deixados de lado. E se eu já penso assim tendo lido os outros livros, imagina quando eu ler esse… Pelos personagens que você descreveu, há muito mais representatividade nessa história.
    Enfim, eu tô realmente apaixonada pelo seu post e pelo blog. Adorei seu modo de escrever e analisar "um simples livro de fantasia". Parabéns! ❤

    Beijos :*

  3. Em primeiro lugar: não posso mensurar a satisfação por ler uma resenha crítica tao completa, bem escrita e bem articulada. Eu amo Percy Jackson, apesar de ainda não ter terminado, então somente por isso não li Magnus Chase e bem, mais uma vez hoje leio uma resenha que cita pontos interessantissimos de um livro que eu não fazia ideia de que o mesmo o tem. Sério, por isso amo resenhas literárias e vou defendê-las hahahaha essa representatividade desses personagens já ganhou meu coração, vou correr pra terminar PJO e heróis do olimpo, porque meu perfeccionismo não vai deixar eu pular pra outra série de livros sem terminar um que está pendente há anos 🙂 amei, amei pinguim linda! ❤❤

  4. Eu também era órfã dele, aí comecei a ler os outros livros de mitólogia do tio Rick. Quando soube desse tive a certeza que precisava ler e amei muito <3

    Bienal causa o estrago né? Mas acrescente a lista sim, vai ser o seu dinheiro mais bem gasto hahah
    Nossa, muito obrigada, adivinha quem tá com sorrisão no rosto agora <3 Que alegria saber que minha escrita te prendeu, pulinhos de felicidade!

    Beijoss

  5. OMG OMG OMG PRECISOOOOO!! Estou órfã do tio Rick desde que acabou aquela outra série dos Herois do Olimpo. Faz tempo que não leio uma série assim, de esperar lançamento e tudo… Quem sabe já não entra para a lista de compras após eu superar o estrago pós bienal hahahha
    Sua resenha é muito boa, você escreve muitíssimo bem!! Não queria parar de ler! Também preciso conhecer mais sobre mitologia nórdica. Acho que já tenho bons motivos para a leitura. Só falta o money :,/
    Beijos!
    Check-in Virtual

  6. Nossa, muito obrigada <3
    Eu acho ela uma das personagens mais incríveis, ela é maravilhosa!
    Bem girl power, me senti muito contente em ter uma personagem feminina assim. Por isso, amo muito esse livro haha <3

    Mais uma vez obrigada, é gratificante pra mim saber essas coisas, sempre me puxo muito pra trazer um conteúdo bom!

    Beijos!

  7. Oii, nossa, muito obrigada. Sempre muito bom ouvir coisas assim <3
    Somos duas, pois sou muito fã também. Eu li todos de Percy Jackson também e quando este lançou tive que comprar e a história vale muito a pena, quando terminar de ler, volte e me conte, adoro saber <3

    Mais uma vez muito obrigada, é tão bom receber elogios assim! Me deixa super feliz.

    Beijos, volte sempre!!

  8. Mds, que honra ganhar esse elogio. Tô mega feliz por conhecer mais uma fã do Rick, esse livro me ganhou por sua representatividade de etnias, pois a representatividade é super importante: quero que haja representatividade para todas (os). É tão bom poder ser representada né e é melhor ainda quando é feita da forma certa, quando nos representam muito bem; Os livros são ótimos, acho super importante a representatividade lgbt+ também, merecem mais e mais espaço. É uma das coisas que mais gosto no Rick, amei quando solangelo se concretizou (Nico é um personagem incrível). Vou procurar mais livros, filmes e séries com representatividade lgbt+. Não sabia disso, que demais tipo não li ainda o livro de Apollo, agora fiquei com muita vontade de ler.

    Espero te ver mais por aqui, amei seu comentário <3
    Beijooos *-*

  9. Uma das resenhas mais espetaculares que li ultimamente (Já agora, olá! Pode chamar-me Any-chan ^^)

    Não tenho muito tempo para comentar, mas fico feliz por ter achado mais uma fã do Rick e uma que reconhece a importância da representatividade. Quando eu vi as suas descrições das personagens, quase chorei de felicidade: o autor representou diversas etnias, uma personagem surdo-mudo, um anão que se aceita apesar de ser diferente, e todas têm um passado marcante mas não se deixam abater – lá está, a tal noção de lutar contra o destino, sempre genialmente presente nos livros do autor. Ainda só li a saga Percy Jackson (e continuação), mas tenho de colocar as outras em dia. Outro tipo de representatividade que acho importante é a de lgbt+, e embora tenha adorado a concretização do ship Solangelo (com o Nico e o Will), fiquei ainda mais feliz quando no livro de Apollo foi revelado que o deus era bissexual, porque eu sou bi e é raro ser representada devidamente 🙂 O autor é inigualável.

    Jaa!
    4ever-sapo.blogspot.pt

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