Encontro com a morte | Na realidade, encontramos uma grande história da Rainha do Crime

Escrito pela Rainha do Crime, Agatha Christie, o livro é dividido em duas partes e contém 231 páginas. Quando iniciamos a leitura, logo damos de cara com a seguinte frase: “Você entende que ela tem de ser assassinada, não entende?”, isso já nos dita que a leitura vai ser, no mínimo, interessante e intrigante, não esperamos que a história inicie-se assim, mas é Agatha e ela sabe muito bem o que está fazendo.

Vamos a sinopse?

Em uma viagem pelo exótico Oriente Médio, Hercule Poirot ouve uma frase que o faz ficar intrigado e compreender a gravidade da sentença, então esperará o momento certo para investigar o caso. Enquanto isso, uma família de turistas americanos chama a atenção por onde passa em Jerusalém. A matriarca parece exercer um estranho domínio sobre os filhos, criando um clima de tensão que beira o sadismo. Uma jovem e curiosa médica se verá atraída por esse núcleo familiar – sem imaginar as consequências fatais. Quando a situação parece ter fugido ao controle, Poirot compreende o verdadeiro significado do diálogo, conduzindo a trama para um magistral desfecho.

Temos em Encontro com a morte mais um caso do famoso Detetive Hércule Poirot, tão conhecido por O Assassinato no Expresso do Oriente, sua inteligência e capacidade analítica é mais uma vez posta a prova. Nem quando está apenas viajando, o coitado tem uma folga. Inclusive, durante o livro, Poirot fica ponderando o quanto os crimes o perseguem, quando menos espera, eles veem.

A edição da L&PM tem uma capa lindíssima, com uma ilustração incrível, no entanto, é uma edição pocket e, portanto, mais simples, mas perfeita para levar para todo lugar, uma vez que é pequeno e leve. 
O cenário da história é o Oriente Médio, a descrição da escritora é incrível, é quase como estar realmente lá e isso para a ambientalização do leitor é algo essencial e muito importante. A sensação que a Pinguim teve, inúmeras vezes, foi do clima caloroso, principalmente quando os personagens estavam no deserto. Desde o começo, sabemos que tem algo estranho acontecendo, não sabemos exatamente o que, mas ficamos com uma enorme pulga atrás da orelha. Queremos saber, queremos uma explicação e por isso, então, não conseguimos para de ler, a cada nova página, a cada novo capítulo, a necessidade de respostas aumenta e o mistério também. É impressionante a rapidez com que consumimos aquilo que estamos lendo, temos uma leitura bem fluída e uma coisa se torna inegável Agatha sabe exatamente como nos contar uma história.
Quando o crime, de fato, aparece inicia-se uma investigação e por conseguinte surgem interrogações, que me deixem ressaltar é um dos pontos altíssimos da autora, pois é por meio delas que se mantém a curiosidade dos leitores, cada interrogação apresenta pontos interessantes e nos confunde sobre quem é, realmente, o suspeito. Vamos pulando de uma desconfiança para a outra, todo mundo parece suspeito, todo mundo deixa o seu na reta. Tentamos juntar todas as peças, mas ao que parece falta muitas. As revelações juntamente com o estímulo da curiosidade conduzem os leitores a acontecimentos cada vez mais inesperados e, portanto, mais surpreendentes.

A Christie tem preocupação em construir muito bem o enredo, em desenvolver seus personagens e criar os contextos certos a fim de nos trazer uma história completa e recheada de detalhes. Os livros da escritora não se tratam apenas sobre as mortes, mas, sim, o que tudo aquilo representa como um todo devido a isso é bem comum perceber o cuidado que ela tem ao desenvolver um antes, um durante e um depois dos crimes. Os personagens importam demais, tanto quanto o caso, pois não haveria um se não existisse o assassino e não teríamos uma explicação, se não tivesse todo um contexto, todo um plano geral e o que torna os livros da Agatha tão espetaculares é que tudo, nas suas histórias, importam, pois se conectam o tempo todo e não é diferente em Encontro com a morte. Cada coisinha tem um propósito que a gente não enxerga, muitas vezes, quando aparece, mas que compreendemos depois que todo o cenário está montado, ou seja, quando chegamos ao fim. Se você nunca leu os livros dela, a Pinguim indica que você adote a medida de dar importância para cada mínimo detalhe, pois por mais insignificante que ele pareça, confia que não é. A mente da autora é brilhante!

Nota da Pinguim: Algo que me deixa subindo pelas paredes é o fato do Poirot descobrir as coisas antes e não revela, isso me deixa ainda mais doida na curiosidade e ansiosa para saber logo. Veja bem, não é uma reclamação, acontece que eu adoro quando isso acontece.

Poderia surgir o questionamento de se a gente sabe o ‘modus operandi’ da escritora, então iremos conseguir desvendar o crime antes do livro acabar, mas, não, porque nos enganamos, a mulher é incrível, é tudo tão bem feito que a gente deixa alguns detalhes passar ou simplesmente temos dificuldade de enxergar o todo, o que é muito mérito da Rainha do Crime, não é a toa essa denominação. Somos distraídos, guiados a olhar para uma direção oposta, somos muitas vezes ofuscados pelo tanto de detalhe que parece desconexo, mas que não é, quando Poirot no final nos presenteia com a conexão de todas as informações, que inclusive, era só que nós faltava, ficamos perplexos por perceber que o tempo todo a resposta esteve bem embaixo do nosso nariz. Essa sensação é impagável, pois quando notamos estávamos eufóricos e prendendo demais a respiração.

Assim como em outros livros da Agatha, é possível encontrar em grande quantidade a psicologia, uma vez que conhecemos a personalidade, a vida e como funciona a mente dos personagens e em Encontro com a morte isso tudo é ainda mais presente, até porque há na história um doutor, um psiquiatra e além dele, uma das principais é também uma estudante da área. Os personagens se tornam mais próximos da realidade devido a escolha por desenvolver a psicologia ao mesmo tempo em que os desenvolve.

O livro apresenta temáticas como, assuntos familiares, sendo este um dos que mais recebe enfoque e de forma sutil reproduz uma crítica sobre o que é família, sobre o que essa instituição representa e o quanto ela é importante na construção da identidade pessoal de cada indivíduo, além de mostrar o tanto que exercemos influência sobre as pessoas, seja ela positiva ou negativa. A ambição e a pura maldade também são assuntos abordados. Algo muito interessante é que a genialidade da escritora se apresenta no quanto ela consegue mexer conosco, pois Christie brinca com as situações e os personagens, invertendo os papéis, quem é o vilão ou a vilã acaba se tornando bastante humanizado (a) e quem no caso é a vítima acaba por se mostrar alguém cruel, é incrível essa jogabilidade em que podemos cada vez mais compreender que quanto humanos não somos apenas bons ou maus, temos parcelas de cada, nuances, algumas vezes, um mais que o outro. 

“O que havia naquela mulher que a fazia não parecer humana?”

Uma pausa na tagarelice para comunicar que tem citação ao Assassinato no Expresso do Oriente em Encontro com a morte: “Ouvi dizer, Sr. Poirot, que certa vez, naquele caso do Expresso do Oriente, o senhor aceitou um veredicto oficial do que acontecera.” Quem não ama referências, né?
Voltando, teve uma coisa que me impressionou bastante é que há metalinguagem ao longo da história, situações em que a autora usa os personagens para brincar sobre a temática que o próprio livro aborda e também sobre clichês característicos de história de detetives, ao mesmo tempo em que aproveita e utilizada isso para expor como funciona as coisas. Podemos perceber, um pouco disso, nos trechos a seguir:

“Deveríamos imaginar que ele é inocente, já que era o principal suspeito. É sempre assim em histórias de detetives.”

“Sua posição sem dúvida parece impecável […] Numa obra de ficção, o senhor seria um dos principais suspeitos justamente por isso.”

Enfim, Encontro com a morte possui uma linguagem simples, porém muito bem elaborada, tornando a leitura uma experiência agradável ao leitor. A história é instigante, tendo personagens realísticos, situações nas quais nos identificaremos, um mistério que nos mata de tanta curiosidade e casos peculiares resolvidos pelo melhor detetive do mundo, além do principal que é possuir todos os traços que amamos da Rainha do Crime. Do começo ao fim, o enredo se conecta, os quebra cabeças se juntam e temos um final que nos leva ao ápice, sem deixar de concluir a história daqueles personagens que acompanhamos. Quando terminamos a leitura ficamos com uma grande impressão a de que fomos enganados pela Rainha do Crime, mais uma vez, e amamos. Euforia é pouco comparado ao turbilhão de sensações que temos ao ler Agatha Christie.
Por isso, Encontro com a morte, ganha:

(4,5 de 5 pinguinzinhos fofos)
Vamos tagarelar? Então, me contem quais seus livros preferidos da Agatha? Quais vocês querem ler? Já leram Encontro com a morte? Deixei vocês com vontade de ler? 
Ei, não esquece de nos acompanhar nas redes sociais:

Até a próxima tagarelice e lembrem-se que nunca conseguimos adivinhar quem de fato é o (a) assassino (a), as aparências realmente enganam.

6 Replies to “Encontro com a morte | Na realidade, encontramos uma grande história da Rainha do Crime”

  1. Dos que li dela, esse é um dos que mais gostei, a história é muito boa e como tu disse o Poirot tá ainda mais incrível.

    Torcendo para que consiga, Clayci, vou tentar ler mais dela porque tá pouco hahaha

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